
Advogado que recebeu título de cidadão sinopense fez pagamentos milionários a empresário investigado na “farra do INSS”
por Daniel Trindade
O advogado Nelson Wilians, que recentemente recebeu o título de cidadão sinopense, está no centro de uma nova polêmica. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que ele realizou pagamentos de R$ 15,5 milhões ao empresário Maurício Camisotti, apontado como possível beneficiário final do esquema investigado como a “farra dos descontos do INSS”.
As transações foram consideradas atípicas pelo Coaf e repassadas à Polícia Civil e ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). O inquérito investiga o envolvimento de Camisotti com três associações suspeitas de realizar descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. Juntas, essas entidades chegaram a faturar mais de R$ 50 milhões por mês com mensalidades associativas cobradas sem autorização dos beneficiários.
Nelson Wilians é conhecido no meio jurídico como proprietário de um dos maiores escritórios de advocacia do país. Ele mantém uma presença ativa nas redes sociais, onde costuma exibir uma vida de alto padrão, com mansões, jatos, carros de luxo e viagens internacionais. Apesar de ser advogado de Camisotti, de empresas e de ao menos uma associação ligada ao empresário, foi o próprio Wilians quem realizou os repasses financeiros, seja como pessoa física ou por meio de seu escritório de advocacia. Importante destacar que, até o momento, Nelson Wilians não é investigado neste caso.
Segundo o relatório do Coaf, o comportamento financeiro de Maurício Camisotti levantou suspeitas por movimentações incompatíveis com seu faturamento declarado, o que pode indicar que parte dos valores recebidos circulava na informalidade. O documento também revela que uma corretora de seguros ligada ao empresário transferiu R$ 1 milhão a um lobista que atuaria junto ao INSS em nome das associações envolvidas no esquema.
A Polícia Federal deflagrou, no mesmo contexto, uma grande operação na última quarta-feira (23), com o objetivo de desmontar o esquema bilionário baseado em descontos não autorizados aplicados diretamente na folha de pagamento de aposentados. A ação cumpriu 211 mandados de busca e apreensão, resultando na prisão de ao menos cinco pessoas e na apreensão de bens de alto valor, como carros de luxo, dinheiro em espécie, quadros e joias.
Como consequência direta da operação, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado e demitido horas depois por pressão do Palácio do Planalto. Também foram afastados outros três integrantes do alto escalão do instituto, o chefe da Procuradoria Federal especializada do INSS e até mesmo um agente da própria Polícia Federal.
De acordo com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, o afastamento das autoridades se deu com base em evidências da continuidade do esquema, mesmo após o início das investigações. A Controladoria-Geral da União (CGU) começou a desconfiar das irregularidades ao constatar aumentos expressivos nas cobranças realizadas na folha de pagamento dos aposentados. Uma pesquisa feita com os beneficiários revelou que 98% nunca autorizaram ou sequer reconheceram as associações das quais supostamente faziam parte.
Desde 2019, o valor total arrecadado de forma irregular com esse tipo de desconto já soma mais de R$ 6 bilhões. A investigação também identificou falsificação de autorizações e ausência de qualquer contrapartida real por parte das associações — que, na teoria, deveriam oferecer benefícios como descontos em serviços e planejamento funerário. Na prática, muitos aposentados sequer sabiam que estavam associados.
A Diretoria de Benefícios do INSS foi apontada como uma peça-chave na engrenagem do esquema. O ex-diretor Vanderlei Barbosa dos Santos foi um dos alvos da operação. Antes dele, André Fidelis, também exonerado em 2024, já havia sido citado por ligações com a entidade investigada Conafer.
Com cerca de três milhões de aposentados e pensionistas afetados em todo o país, o governo federal prometeu ressarcir os valores cobrados de maneira ilegal. Os bens apreendidos durante a operação deverão ser utilizados para cobrir parte do prejuízo aos cofres públicos e às vítimas.
A ligação financeira entre Nelson Wilians e Maurício Camisotti escancara um detalhe que não passou despercebido: o advogado, recém-homenageado com o título de cidadão sinopense, se vê agora no centro de uma crise que envolve cifras milionárias e atinge diretamente a confiança da população. Embora ainda não seja investigado, o envolvimento em movimentações atípicas e a proximidade com um dos principais suspeitos da “farra do INSS” levantam questionamentos que ultrapassam o âmbito jurídico e entram no debate sobre ética pública e responsabilidade social. O caso promete ganhar novos desdobramentos nos próximos dias e já gera desconforto em setores políticos e institucionais.
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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"