
por Daniel Trindade
“Entre a promessa de transparência e o eco das conspirações, o voto impresso divide opiniões e desafia a confiança na democracia brasileira.”
A senadora Rosana Martinelli (PL) colocou mais lenha na fogueira política ao propor um projeto de Lei para instituir o voto impresso nas eleições gerais de 2026. Aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro, Martinelli defende uma pauta que vem sendo impulsionada pelo bolsonarismo, que lançou dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas após a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, ainda que nenhuma evidência de fraude tenha sido apresentada.
A proposta da senadora, que requer tramitação bicameral passando pelo Senado e pela Câmara Federal, sugere a adoção do voto impresso de forma experimental em 2026, com a justificativa de que essa medida garantiria mais segurança ao processo eleitoral. No projeto, Martinelli argumenta que o sistema de votação com registro impresso poderia prevenir fraudes e garantir maior transparência no processo, especialmente em casos controversos, como ela aponta na recente eleição da Venezuela. Segundo a senadora, “a falta de confiabilidade no processo eleitoral naquele país levou a comunidade internacional a não reconhecer o resultado do pleito”, e afirma que foram as atas eleitorais impressas que possibilitaram à oposição questionar o resultado e revelar manipulações em favor de Maduro. Com essa comparação, Martinelli procura vincular a adoção do voto impresso a um cenário de defesa da democracia, colocando-se como uma defensora de processos eleitorais “transparentes e seguros”.
A senadora destaca que a proposta não comprometeria o sigilo do voto, alegando que o processo de impressão deve garantir que não haja correspondência entre o voto e a identidade do eleitor. Segundo Martinelli, a implementação total do voto impresso só ocorreria após uma análise da “viabilidade técnica, operacional, orçamentária e financeira” do modelo.
O projeto reforça uma bandeira histórica dos bolsonaristas, que há anos questionam a segurança das urnas eletrônicas brasileiras, sendo esse o tema que impulsionou os atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília, em uma tentativa de golpe contra a democracia. Martinelli, que tem se posicionado em alinhamento com o bolsonarismo, aposta que o voto impresso poderá restaurar a confiança no sistema eleitoral. A proposta, no entanto, suscita debates acalorados e reaviva um tema que, para muitos, parece menos uma medida de segurança eleitoral e mais uma tentativa de alimentar teorias de conspiração que questionam, sem provas, a credibilidade das eleições no Brasil.
O projeto de Rosana Martinelli coloca em discussão se o voto impresso é, de fato, uma necessidade para a democracia brasileira ou apenas uma estratégia política para atrair a base bolsonarista e reforçar discursos de desconfiança sobre o sistema que há décadas opera sem comprovação de fraudes significativas.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"