
“Enquanto muitos lutam para garantir o básico, um ‘vale peru’ de R$ 10 mil no Judiciário acende o debate sobre privilégios e responsabilidade fiscal.”
por Daniel Trindade
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) surpreendeu ao estabelecer, de forma excepcional, um aumento expressivo no auxílio-alimentação dos servidores e magistrados ativos do Poder Judiciário do estado para o mês de dezembro de 2024. O benefício foi fixado no valor de R$ 10.055,00, quase cinco vezes o valor regular de R$ 2.055,00, conforme consta no Provimento TJMT/CM nº 36 de 17 de dezembro de 2024, assinado pela desembargadora Clarice Claudino da Silva. A decisão é válida apenas para dezembro, com o valor retornando ao patamar habitual a partir de janeiro de 2025.
A justificativa para o aumento expressivo não foi detalhada no documento, o que levantou questionamentos públicos sobre os critérios que levaram à medida. Embora decisões desse tipo sejam frequentemente ligadas a ajustes orçamentários internos ou a recompensas pelo esforço dos servidores, a falta de explicações claras provocou intensas reações na sociedade. O benefício já ganhou o apelido de “vale peru”, em referência à tradição de auxílios natalinos, mas a quantia elevada gerou indignação em diversos setores que consideram o valor desproporcional diante das dificuldades econômicas enfrentadas por muitas famílias brasileiras.
A medida gerou críticas nas redes sociais e entre associações civis, que apontaram o aumento como um exemplo de privilégios excessivos no Judiciário, em contraste com a realidade de servidores de áreas como educação e saúde, que frequentemente enfrentam atrasos salariais e falta de recursos básicos. Além disso, o impacto financeiro total da medida ainda não foi divulgado, mas é evidente que, aplicado a milhares de servidores e magistrados ativos, o custo pode alcançar cifras significativas para os cofres públicos.
A decisão reacendeu o debate sobre a equidade na distribuição de recursos públicos e os privilégios do Judiciário em relação a outros setores. Entidades da sociedade civil e representantes políticos começaram a cobrar maior transparência e explicações detalhadas do Tribunal de Justiça. Para muitos, o aumento contrasta com a necessidade de contenção fiscal e eficiência no uso do dinheiro público, especialmente em um momento de desafios econômicos para grande parte da população.
A repercussão promete manter o caso sob os holofotes, exigindo atenção redobrada sobre como o Judiciário justifica e administra medidas que impactam diretamente o orçamento público. Essa situação não apenas reforça a importância de debates sobre responsabilidade fiscal, mas também sobre como decisões institucionais podem afetar a percepção da sociedade quanto à justiça e igualdade.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"