Auditores que integram a Operação Fim da Linha, deflagrada nesta terça, 9, em São Paulo, rastrearam ‘ocultadores profissionais de bens’ a serviço da facção Primeiro Comando da Capital e distribuição de dividendos para ‘esquentar dinheiro do tráfico; defesas dos acusados ainda não se manifestaram
A Receita Federal abriu nesta terça-feira, 9, 21 fiscalizações contra empresários e pessoas jurídicas investigados na Operação Fim da Linha – apuração sobre a lavagem de dinheiro do PCC via empresas de ônibus que mantém contratos com a Prefeitura da capital paulista. Segundo o Fisco, os alvos das fiscalizações têm patrimônio total de R$ 148 milhões e movimentaram, entre 2020 e 2022, R$ 732 milhões em suas contas. Os auditores que vasculham os ativos ocultos da quadrilha estimam que serão lavrados autos de infração de R$ 200 milhões contra os investigados.
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Ao longo do inquérito – cuja fase ostensiva foi aberta nesta terça, 9, com a prisão de quatro investigados e buscas em 52 endereços – a Receita identificou os métodos que teriam sido usados pela quadrilha para a lavagem de dinheiro do PCC: “integralizações de capital social de empresas com valores sem origem lícita, movimentações financeiras atípicas e distribuições de lucro desordenadas e sem lastro financeiro”.
Os auditores apontam, por exemplo, que as empresas sob investigação distribuíam dividendos milionários a seus sócios mesmo quando as companhias registravam prejuízos. Em um dos casos, a empresa teve prejuízo de R$ 5 milhões entre 2015 e 2022, sendo que, no mesmo período, distribuiu R$ 14,8 milhões em dividendos para um de seus sócios.
“A distribuição de dividendos, além de “esquentar” o dinheiro ilícito, possibilitava o não pagamento de tributos pelos beneficiários, uma vez que esse tipo de rendimento é isento de imposto de renda”, explicam os auditores.
PCC na mira
O Fisco identificou várias operações de compra e venda de imóveis e de outros bens de luxo em uma “complexa rede de holdings, empresas de participação e revendedoras de veículos de propriedade de terceiros relacionados aos contribuintes investigados”. De acordo com o órgão, a rede é integrada por “ocultadores profissionais de bens”.
Entre os bens revendidos por uma dessas empresas está o helicóptero usado para transportar os assassinos de dois integrantes da facção e o apartamento da mulher de um traficante internacional. Também chamou atenção dos investigadores uma revendedora de veículos de luxo que fazia operações de compra e venda sem registrar o real proprietário dos carros.
O esquemas ainda contava a participação de “experientes contadores”, responsáveis por viabilizar os “complexos métodos” de lavagem de dinheiro. Eles também estão entre os alvos da ofensiva aberta nesta manhã.
O Fisco também identificou que uma das empresas realizou compensações tributárias fraudulentas de ao menos R$ 25 milhões em débitos de impostos federais. Após tal procedimento, a companhia podia emitir Certidões Negativas de Débitos, documento necessário para que ela participasse de licitações.
Fonte : Estadão
Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"