
Falta de estrutura e insumos na saúde pública sob investigação
Por Daniel Trindade
Uma mulher de 41 anos faleceu após atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro Tijucal, em Cuiabá, com suspeita de dengue. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) responsabiliza a gestão do prefeito Abilio Brunini (PL) pelo ocorrido, devido à política de encaminhar pacientes de demanda espontânea para UBSs sem a infraestrutura necessária.
Nesta quinta-feira (30), o CRM-MT conduziu uma fiscalização na UBS do Tijucal, revelando sérias deficiências estruturais. Durante a vistoria, foi constatada a falta de equipamentos essenciais e medicamentos para atendimentos de urgência. Pacientes eram vistos recebendo soro em cadeiras na recepção, destacando a inadequação do local para emergências.
Diogo Sampaio, presidente do CRM-MT, expressou forte desapontamento: “É muito triste e frustrante dizer isso, mas avisamos que casos assim ocorreriam. As UBSs não possuem nem estrutura e não são feitas para atender este tipo de caso. A Prefeitura de Cuiabá tem estimulado as pessoas a buscarem a UBS, a família desta paciente seguiu a orientação e no local não havia condições de atendê-la, o que levou ao óbito”.
Sampaio apontou uma distorção na chamada demanda espontânea, que se transformou em uma demanda ativa devido às políticas municipais. Ele também comentou sobre o uso de vans para transportar pacientes das UPAs para as UBSs, agravando a já precária situação das unidades.
Conforme relatos dos profissionais de saúde, a UBS não estava equipada para emergências. A paciente, atendida inicialmente em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) no dia 23 de janeiro, foi liberada e, no dia seguinte, retornou à UBS, onde passou mal. A falta de um carrinho de parada equipado impossibilitou um atendimento eficaz, e mesmo com a intervenção do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a transferência para o Hospital Municipal (HMC) não foi suficiente para salvá-la.
Além das críticas à infraestrutura, relatos de agressões verbais e assédio contra profissionais de saúde foram destacados, com danos materiais em consultórios, como a quebra de maçanetas. “A situação é caótica e a ‘solução mágica’ apresentada pela prefeitura tem causado sérios problemas. Não vamos esperar outra pessoa morrer para tomarmos providências. A sindicância vai apurar as responsabilidades neste episódio”, finalizou Sampaio.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"