
Jorge Messias, Bruno Dantas e Maria Elizabeth Rocha despontam entre os cotados para a vaga; escolha deve equilibrar confiança pessoal, apoio político e representatividade
por Daniel Trindade
A aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso abriu uma nova disputa política e jurídica em Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia nomes para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), em um processo que envolve tanto critérios técnicos quanto estratégicos. Fontes próximas ao Palácio do Planalto afirmam que Lula pretende anunciar o escolhido até o fim do ano, após articulações com o Senado e consultas reservadas a ministros da Corte.
Entre os nomes mais citados, o advogado-geral da União, Jorge Messias, é apontado como favorito. Pernambucano, de 44 anos, Messias é advogado da União e mestre e doutor pela Universidade de Brasília (UnB). Ingressou na Advocacia-Geral da União em 2007 e exerceu funções de destaque em diferentes governos petistas. Foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil no governo Dilma Rousseff, secretário de Regulação do Ensino Superior no MEC e consultor jurídico em ministérios estratégicos. Tornou-se conhecido nacionalmente em 2016, quando o nome “Bessias” foi mencionado em um telefonema entre Dilma e Lula durante o processo de impeachment. Desde 2022, chefia a AGU e é considerado um dos nomes de maior confiança do presidente.
Outro cotado é o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, baiano de 47 anos. Mestre e doutor em Direito pela PUC-SP, com pós-doutorado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Dantas foi consultor legislativo do Senado por mais de uma década antes de ser indicado à Corte de Contas em 2014. Já presidiu o TCU e ocupa cargos de destaque em organismos internacionais de auditoria e governança. Tem bom trânsito político e é visto como uma opção de equilíbrio entre técnica e diplomacia institucional, o que pode facilitar sua aprovação no Senado.
O senador Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado, também é mencionado. Advogado, mineiro e ex-deputado federal, Pacheco é conhecido pela habilidade de articulação e pela condução moderada à frente do Congresso. Apesar de não ser considerado favorito, seu nome é citado em razão da proximidade com lideranças do Legislativo. No entanto, há avaliações de que Lula prefere mantê-lo na política, possivelmente como candidato ao governo de Minas Gerais em 2026.
O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho, é outro nome avaliado. Ele tem perfil técnico e atuação marcada por políticas de integridade e controle interno. Embora não tenha o mesmo peso político que Messias ou Dantas, é visto como um quadro qualificado, de reputação ilibada e alinhado à agenda de governança do Planalto.
Entre as mulheres, ganha destaque a presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, a primeira mulher a presidir a Corte em mais de dois séculos de história. Nascida em Belo Horizonte, é formada pela PUC Minas, mestre pela Universidade Católica Portuguesa e doutora pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi procuradora federal e, desde 2007, ministra do STM. Reconhecida por sua atuação acadêmica e defesa da igualdade de gênero, Maria Elizabeth é considerada uma candidata forte caso Lula priorize a representatividade feminina no Supremo.
Outra mulher lembrada é Daniela Teixeira, ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde 2023. Formada em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), Daniela foi advogada por mais de 25 anos e conselheira federal da OAB. Ganhou projeção nacional pela defesa de prerrogativas da advocacia e pela participação ativa em debates jurídicos. Sua indicação ao STJ, feita por Lula, foi aprovada com ampla maioria no Senado, o que reforça sua força política.
Também citada é Vera Lúcia Santana Araújo, ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Advogada e militante pela igualdade racial e de gênero, ela tem sido lembrada por setores progressistas como uma possível escolha para ampliar a diversidade no STF, embora seu nome ainda não tenha sido amplamente trabalhado nos bastidores do Planalto.
A escolha de Lula envolverá múltiplos fatores. Além da confiança pessoal no indicado, o presidente avaliará a capacidade de aprovação no Senado, que exige 41 votos no plenário, e o tempo de permanência na Corte, o que favorece candidatos mais jovens. Também pesam o simbolismo da escolha, a representatividade de gênero e raça, e a reação do meio jurídico e da opinião pública.
Esta será a segunda nomeação de Lula ao STF em seu terceiro mandato. Em 2023, ele indicou Cristiano Zanin, seu ex-advogado, para substituir Ricardo Lewandowski. A aprovação expressiva de Zanin no Senado deu ao presidente confiança para realizar nova escolha sem sobressaltos. A substituição de Barroso, contudo, é considerada mais delicada, pois o ministro deixa uma marca forte na defesa de pautas progressistas e de temas constitucionais sensíveis.
A expectativa é de que o anúncio do sucessor ocorra após articulações políticas e consultas reservadas com líderes partidários. A decisão final deve equilibrar critérios técnicos, institucionais e políticos uma equação complexa que refletirá não apenas a relação do governo com o Judiciário, mas também o rumo que Lula pretende imprimir à mais alta Corte do país nos próximos anos.
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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Consultor Político
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"