
Após custar R$ 42 milhões, gestão busca mais R$ 33 milhões para abrir hospital que será gerido por organização social (OS)
Por Daniel Trindade
O Hospital Municipal de Sinop está praticamente pronto, com as obras físicas concluídas após um investimento de R$ 42 milhões. No entanto, a unidade ainda não tem data certa para começar a funcionar. Para que a estrutura realmente entre em operação, a gestão municipal estima que será necessário o aporte de mais R$ 33 milhões.
Desses, R$ 14 milhões devem vir do Governo do Estado, valor que será oficializado na próxima terça-feira (28), durante a visita do governador Mauro Mendes a Sinop, ao lado do secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo. Eles assinarão um termo de compromisso com a Prefeitura, garantindo a verba para aquisição de equipamentos. O restante, R$ 19 milhões, ainda está em fase de busca por parte da gestão municipal.
Durante reunião do Conselho Municipal de Saúde, com presença do novo secretário Érico Stevan, a estimativa total foi apresentada, junto com a preocupação : sem os recursos complementares, o hospital não abrirá as portas.
Mas a polêmica vai além da questão financeira. Com um custo de R$ 42 milhões já executado e outros R$ 33 milhões previstos, a população começa a questionar a proporção entre o valor investido e a estrutura real do hospital. Conforme apurado, a unidade contará com apenas 70 leitos, o que representa 10 a mais que o hospital municipal de Guarantã do Norte, cidade com pouco mais de 31 mil habitantes. Sinop, por sua vez, supera os 220 mil moradores.
A obra ocupa uma área construída de 4,2 mil metros quadrados, e foi alvo de duras críticas durante o período eleitoral justamente pelo seu alto custo. Isso porque a construção foi feita com estruturas pré-moldadas, um modelo que, embora utilizado em obras de grande porte pelo mundo como parte da fachada do Burj Khalifa, em Dubai, levantou suspeitas em Sinop pelo custo estimado de R$ 10 mil por metro quadrado apenas da construção, sem contar os equipamentos e mobiliários. Para muitos, um preço alto diante do padrão da obra e da realidade local.
A estrutura contemplará ambulatório de especialidades, salas de coleta, consultórios, tomografia, raio-X, endoscopia, ultrassonografia, centro cirúrgico, leitos de observação, internação e recuperação, tanto pediátricos quanto adultos. A promessa é de atendimento de média e alta complexidade, mas, na prática, o funcionamento será restrito.
Um ponto de decepção para a população é que o hospital não será de portas abertas. O atendimento será via regulação, ou seja, o cidadão que estiver em situação de urgência ou emergência ainda deverá procurar a UPA ou a policlínica, que farão os encaminhamentos. Na prática, o tão esperado hospital não será um ponto de socorro direto o que frustra a expectativa de muitos.
Além disso, segundo fontes próximas à Secretaria Municipal de Saúde, o hospital será gerido por uma Organização Social (OS), modelo terceirizado que ainda não foi oficializado pela Prefeitura. A falta de transparência sobre quem vai administrar a unidade e quais os critérios para isso preocupa representantes da sociedade civil organizada e entidades.
Enquanto isso, a Unesin (União das Entidades de Sinop) aguarda nova data para se reunir com o secretário Érico Stevan. O encontro, inicialmente marcado para 27 de maio, deve ser adiado por conta da visita do governador, mas a expectativa é que ocorra ainda nesta semana.
A obra física está lá, imponente. Mas com R$ 75 milhões no total, 70 leitos, custo elevado por metro quadrado, acesso restrito via regulação e uma gestão que será entregue a uma OS ainda não revelada, o que era para ser um avanço começa a ganhar contornos de desconfiança. A pergunta que ecoa nas ruas é simples : o hospital vai curar ou decepcionar?
Em meio a promessas, valores milionários e decisões pouco transparentes, o Hospital Municipal de Sinop se aproxima da conclusão física, mas permanece distante da população. A sensação é de que se construiu um hospital para caber no orçamento e não na realidade do município. Enquanto isso, a saúde segue superlotada, e o silêncio sobre o futuro da gestão da unidade só aumenta a desconfiança de quem mais precisa dela, o cidadão comum.
Não perca nenhum detalhe desta e de outras notícias importantes! Siga nosso canal no WhatsApp e nosso perfil no Instagram para atualizações em tempo real.
Sua voz é fundamental! Tem alguma denúncia, sugestão de pauta ou informação relevante para compartilhar? Entre em contato com nossa equipe através do nosso WHATSAPP ou entre em contato pelo telefone (66) 99237-4496. Juntos, podemos construir um jornalismo ainda mais forte e engajado com a comunidade.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"