
A Polícia Federal concluiu, em relatório final, que Luiz Fernando Corrêa, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atuou para obstruir as investigações sobre o esquema de monitoramento ilegal conhecido como “Abin paralela”. Além disso, Corrêa é acusado de perseguir servidores que tentaram colaborar com as apurações.
Segundo a PF, mesmo antes de sua nomeação oficial, em maio de 2023, Corrêa já exercia influência direta sobre a agência desde fevereiro daquele ano. Em março, participou de uma reunião com outros dois altos membros da Abin o ex-diretor adjunto Alessandro Moretti e o então diretor Paulo Maurício Fortunato Pinto para alinhar uma estratégia interna voltada a conter os danos da investigação. Nessa reunião, foi defendido que uma sindicância interna bastaria para tratar do caso, numa tentativa de desviar o foco das investigações externas conduzidas pela Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal.
O relatório aponta que Corrêa adotou diversas ações para desacreditar a apuração dentro da própria agência. Ele teria declarado que as investigações tinham caráter político e passou a incentivar servidores a acreditarem que estavam sendo vítimas de perseguição. De acordo com a PF, o diretor também assumiu o controle das oitivas internas, adiou entregas de dados relacionados ao sistema de monitoramento secreto First Mile e ordenou a formatação de notebooks funcionais, o que foi interpretado como uma forma de destruição de provas em larga escala.
A investigação também revela que a então corregedora da Abin, Lidiane Souza dos Santos, foi alvo de retaliações e sofreu tentativas de enfraquecimento de sua atuação após iniciar procedimentos internos para apurar o uso ilegal dos sistemas de espionagem. A Polícia Federal entende que houve interferência direta da direção da agência para dificultar a atuação da Corregedoria, prática considerada grave por tratar-se de um órgão interno de controle.
Como resultado da apuração, Luiz Fernando Corrêa foi indiciado por três crimes: embaraço à investigação de organização criminosa, prevaricação e coação no curso do processo. Ao todo, 36 pessoas foram indiciadas na investigação da “Abin paralela”, entre servidores da agência, militares e figuras ligadas ao núcleo político do governo anterior.
Após a divulgação do relatório, um grupo de servidores da Abin divulgou uma carta aberta, classificada como manifestação institucional, exigindo a saída de Corrêa do comando da agência. Segundo os autores do documento, sua permanência na diretoria “representa um risco à integridade do serviço de inteligência do Estado brasileiro”.
A investigação tem como um de seus pontos centrais o uso do software First Mile, que permitia o rastreamento em tempo real de aparelhos celulares sem autorização judicial. O sistema foi utilizado em diversas ocasiões, inclusive para monitorar adversários políticos e integrantes do Judiciário. A operação contou com a autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinou o fim do sigilo do inquérito após o relatório ser finalizado.
As conclusões da PF apontam para uma tentativa deliberada de desmobilizar os mecanismos de apuração, interferir na coleta de provas e proteger envolvidos em um esquema de espionagem ilegal que operava dentro da própria estrutura do Estado. O caso agora aguarda novos desdobramentos no STF e pressiona o governo federal quanto à manutenção de Corrêa à frente da Abin.
Fontes : Correio Brazilense
Não perca nenhum detalhe desta e de outras notícias importantes! Siga nosso canal no WhatsApp e nosso perfil no Instagram para atualizações em tempo real.
Sua voz é fundamental! Tem alguma denúncia, sugestão de pauta ou informação relevante para compartilhar? Entre em contato com nossa equipe através do nosso WHATSAPP ou entre em contato pelo telefone (66) 99237-4496. Juntos, podemos construir um jornalismo ainda mais forte e engajado com a comunidade.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"