
Falta de prevenção e cortes na malha asfáltica agravam riscos no período chuvoso.
por Daniel Trindade
As chuvas estão de volta. Segundo a previsão meteorológica, elas começam a cair a partir desta segunda-feira, 15 de setembro, com pancadas isoladas e tendência de continuidade nos próximos dias. Para muitos, trata-se de um alívio, já que o período seco trouxe poeira, baixa umidade e problemas respiratórios. Mas, para a população de Sinop, também vem à tona uma pergunta recorrente: a cidade está preparada para receber as águas?
Ano após ano, os mesmos problemas se repetem. Alagamentos no centro, vias bloqueadas, residências e comércios invadidos pela enxurrada. O que antes eram pontos isolados, ao longo do tempo se multiplicaram para outros bairros, revelando uma fragilidade estrutural que insiste em permanecer sem solução definitiva.
O poder público foi alertado inúmeras vezes, mas pouco se viu em ações práticas de prevenção. Não há registros recentes de limpeza sistemática de bueiros, galerias pluviais ou campanhas preventivas de conscientização da população. Pelo contrário, o que se observou foram intervenções pontuais, muitas vezes motivadas por interesses específicos. O fechamento de valetões para atender pedidos de empresários, por exemplo, gera preocupação, já que esses locais funcionavam como áreas naturais de escoamento das águas pluviais.
Outro ponto que acende o alerta é a atuação da empresa Águas de Sinop. Em diferentes regiões, cortes na malha asfáltica para obras de manutenção ou expansão do sistema de abastecimento e esgoto foram realizados, mas sem a devida recomposição adequada. Além dos transtornos diários para motoristas e pedestres, o receio agora é de que, com a chegada das chuvas, a terra acumulada acabe obstruindo bueiros e intensifique os problemas de drenagem.
É evidente que Sinop cresceu em ritmo acelerado e se consolidou como um dos polos econômicos de Mato Grosso. Mas a infraestrutura de drenagem não acompanhou esse desenvolvimento. Planejamento urbano não pode ser tratado apenas em ano eleitoral ou após episódios de alagamentos que viram notícia. É preciso ação contínua, projetos estruturantes e, sobretudo, execução.
Com a chegada das águas de setembro, resta à população torcer para que haja, pelo menos, um plano emergencial em mãos. O que não pode se repetir é a rotina de improvisos, prejuízos e promessas que não saem do papel. As águas de Sinop sempre voltam. O que falta é vontade política para que, junto com elas, venha também a segurança e a tranquilidade para quem vive na cidade.
Carlos Drummond de Andrade escreveu certa vez que “as cidades devem ser cuidadas como se fossem jardins: com atenção, paciência e amor. Do contrário, se tornam selvas de pedra, onde os homens se perdem.” Fica o recado para aqueles que governam: cuidar de Sinop não é apenas administrar orçamentos, é preservar vidas.

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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Consultor Político
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"







