
“Um cemitério clandestino escancara a crueldade do crime organizado, mas também reafirma o compromisso das autoridades em devolver justiça e dignidade às vítimas.”
por Daniel Trindade
A descoberta de um cemitério clandestino em Lucas do Rio Verde, no estado de Mato Grosso, trouxe à tona a crueldade do crime organizado na região. Ao menos 17 corpos foram encontrados enterrados em uma área de mata próxima ao bairro Tessele Junior, revelando o uso do local por facções criminosas para execuções brutais, conhecidas como “tribunal do crime”.
A operação que levou à localização do cemitério foi conduzida pela Polícia Civil, após um ano de investigações sobre desaparecimentos e homicídios não resolvidos. Segundo o delegado Allan Vitor, o objetivo principal sempre foi trazer respostas às famílias das vítimas e avançar na luta contra as facções. “A identificação dos corpos é um passo importante para esclarecer os casos e mostrar que as autoridades estão empenhadas em combater essas práticas criminosas”, afirmou.
No local, as equipes encontraram indícios de tortura e métodos de execução, como facas e cordas, além de restos de objetos pessoais das vítimas. Muitos corpos estavam em avançado estado de decomposição, enquanto outros foram enterrados recentemente. O delegado João Antônio explicou que as vítimas eram, na maioria das vezes, membros de grupos rivais ou pessoas que descumpriram regras impostas pela facção. “As execuções eram realizadas com extrema violência, frequentemente ordenadas por meio de videochamadas”, relatou.
A ação contou com a colaboração de diversas forças de segurança, incluindo a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal. A localização exata do cemitério foi obtida após a prisão de um suspeito, que forneceu informações detalhadas. Cães farejadores e equipes especializadas de Cuiabá também foram mobilizados para buscar mais covas na área.
O Corpo de Bombeiros está trabalhando na remoção dos corpos, enquanto a Polícia Civil realiza exames de DNA e análise de objetos encontrados para identificar as vítimas. Há a possibilidade de que alguns dos corpos sejam de pessoas desaparecidas em outras cidades da região, como Sinop, Diamantino e Tapurah, o que amplia o alcance da investigação.
Essa descoberta é parte da “Operação Tolerância Zero”, uma iniciativa do governo estadual que visa combater o crime organizado em Mato Grosso. O governador Mauro Mendes destacou o impacto dessa ação na luta contra as facções criminosas. “Estamos desarticulando essas organizações e demonstrando que o estado não será conivente com essas práticas. A união das forças de segurança tem mostrado resultados concretos”, declarou.
A descoberta do cemitério evidencia a gravidade da atuação das facções na região, mas também representa um avanço no enfrentamento ao crime. A identificação das vítimas e o aprofundamento das investigações são fundamentais para responsabilizar os envolvidos e oferecer respostas às famílias. Apesar dos desafios, as autoridades seguem empenhadas em garantir segurança e justiça para a população de Mato Grosso.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"