
Externa Prédio do Congresso Nacional Cúpula da Câmara e do Senado Foto Rodolfo Stuckert Data 07-03-2009
Da Proclamação da República à condenação de Bolsonaro, país acumula crises institucionais que desafiam a consolidação democrática.
por Daniel Trindade
Ao longo de pouco mais de um século, o Brasil acumula uma trajetória marcada por instabilidade institucional, com 15 episódios de golpes e tentativas de golpe, da Proclamação da República ao recente julgamento que condenou Jair Bolsonaro e militares aliados. Esses momentos revelam a constante tensão entre o poder civil e a influência das Forças Armadas na política nacional.
O primeiro grande marco ocorreu em 1889, quando marechais e setores militares derrubaram Dom Pedro II e instauraram a República, abrindo caminho para sucessivas intervenções militares no poder. Em 1930, Getúlio Vargas chegou ao governo após a deposição de Washington Luís, encerrando a política do “café com leite”. Sete anos depois, em 1937, Vargas promoveu um autogolpe que fechou o Congresso e instaurou o Estado Novo, ditadura que durou até 1945, quando pressões militares forçaram sua saída.
A instabilidade seguiu nos anos seguintes. Em 1954, sob forte pressão de militares e opositores, Vargas se suicidou, evitando uma provável deposição. Em 1955, o general Henrique Teixeira Lott liderou um contragolpe preventivo para garantir a posse de Juscelino Kubitschek, diante de movimentos que buscavam impedir sua eleição. Em 1961, a renúncia de Jânio Quadros abriu nova crise: militares tentaram impedir a posse do vice João Goulart, levando à adoção temporária do parlamentarismo como solução de compromisso.
O golpe de 1964 marcou um dos períodos mais sombrios da história política. João Goulart foi deposto e teve início a ditadura militar, que durou 21 anos, com censura, perseguição e repressão a opositores. A transição democrática ocorreu em 1985, com a eleição indireta de Tancredo Neves e a posse de José Sarney após a morte de Tancredo, simbolizando o fim do regime.
Mesmo em tempos democráticos, a instabilidade persistiu. Em 2016, a presidente Dilma Rousseff foi afastada por crime de responsabilidade fiscal, em um processo de impeachment que setores da sociedade classificaram como golpe parlamentar, reforçando a polarização política.
Mais recentemente, o Brasil voltou a enfrentar discussões sobre rupturas institucionais com a condenação de Jair Bolsonaro e de militares acusados de incentivar atos golpistas após a derrota nas eleições de 2022. A decisão judicial reafirma os riscos que a democracia brasileira enfrenta e marca o 15º episódio de tentativa de ruptura em sua história republicana.
Da proclamação da República até os dias atuais, o Brasil contabiliza 15 momentos de golpes ou tentativas de golpe, revelando que a consolidação democrática permanece como um dos maiores desafios do país. Apesar das sucessivas crises, a condenação de Bolsonaro mostra que instituições seguem atuando para conter investidas autoritárias e preservar o Estado de Direito.
Como lembrava Rui Barbosa, “a pior democracia é preferível à melhor das ditaduras”. A trajetória brasileira, marcada por golpes e tentativas de ruptura, reforça a atualidade da frase e mostra que, apesar de suas imperfeições, a democracia segue sendo o caminho mais legítimo para garantir liberdade, justiça e participação popular.

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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Consultor Político
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"







