
Entre lendas antigas, superstições modernas e inspirações poéticas, a sexta-feira 13 continua despertando medo e fascínio mas talvez o verdadeiro azar seja viver sem poesia, sem curiosidade e sem coragem de encarar o desconhecido.
Artigo escrito por Daniel Trindade
Em toda esquina do calendário, há datas que carregam significados profundos. Algumas são celebradas, outras esquecidas. Mas poucas despertam tanta superstição quanto a sexta-feira 13. Para muitos, ela é apenas mais um dia. Para outros, é um convite ao mistério, ao silêncio, à dúvida. Mas afinal, por que tememos tanto essa combinação entre número e dia da semana?
A resposta mistura história, religião, cultura popular e, acima de tudo, a imaginação humana diante daquilo que não se explica.
Na tradição cristã, a sexta-feira carrega o peso da crucificação de Jesus. O número 13, por sua vez, sempre foi visto como um elemento de quebra ele ultrapassa o 12, número que simboliza perfeição e equilíbrio em várias culturas (12 meses, 12 apóstolos, 12 signos). Na Última Ceia, havia 13 pessoas à mesa. E segundo a lenda, foi Judas, o 13º, quem traiu o mestre. A partir daí, esse número começou a ser evitado. Elevadores que pulam do 12 para o 14, aviões sem fileira 13, prédios sem andar 13 não é coincidência, é medo.
O cinema alimentou o imaginário. A série de filmes “Sexta-Feira 13”, com seu assassino mascarado, Jason, ajudou a cravar no inconsciente coletivo que essa data traz azar, sangue e reviravolta. Mas a verdade é que nenhum dado estatístico comprova que mais acidentes ou tragédias aconteçam nesse dia. O que existe é o viés de confirmação: esperamos o pior e interpretamos qualquer tropeço como sinal do que já temíamos.
Em outras partes do mundo, o azar muda de nome. Na China e no Japão, é o número 4 que assusta, por sua sonoridade próxima à palavra “morte”. Na Itália, é o 17 que carrega a fama. Ou seja, o medo é cultural, aprendido, herdado.
E como todo medo antigo, ele ganha forma às vezes na crença, às vezes na arte. Porque por trás da superstição há poesia. Um sussurro coletivo que nos lembra que a vida é imprevisível, que há dias em que não confiamos nem na sorte nem no relógio.
Inspirado por isso, o poeta Carlos Drummond de Andrade mestre em transformar o banal em belo talvez escrevesse algo assim:
“Na esquina da alma tem um gato preto,
não mia, não cruza a rua, apenas espera.
A tarde não caiu — escorregou no calendário,
marcada em vermelho pálido: sexta-feira, treze.[…]
Porque o azar mesmo,
é viver sexta, sábado, o mês inteiro
sem poesia.”
No fim, o que realmente assombra não é o dia em si, mas a forma como o atravessamos. O medo é parte da experiência humana, mas não precisa ser guia. A sexta-feira 13 pode ser o dia de uma mudança inesperada, de um reencontro, de uma boa notícia ou de nada disso. Porque o azar não está na data, está no olhar viciado. E a sorte, talvez, esteja na coragem de viver o desconhecido com leveza.
Então, na próxima sexta-feira 13, em vez de evitar espelhos, gatos ou escadas, talvez seja mais interessante evitar a indiferença. Ler um poema, assistir a um bom filme, tomar um café com quem se ama. E lembrar que o que realmente dá azar é esquecer que cada dia — mesmo o mais temido é uma página em branco pronta para ser escrita.
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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"