
“Sem salário, sem dignidade : trabalhadores da saúde enfrentam o descaso e mostram que a luta por direitos não será silenciada.”
por Daniel Trindade
A crise no Hospital Santo Antônio, em Sinop, atinge um novo patamar. Após o fim do prazo de 72 horas estipulado pelo Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Estado de Mato Grosso (SINPEN) para a regularização das pendências trabalhistas, nenhuma ação efetiva foi tomada pela administração da instituição. Diante disso, o sindicato convocou uma paralisação para esta segunda-feira, às 19 horas, em frente ao hospital, com a presença de colaboradores e apoiadores.
Conforme relatado em matérias anteriores, o SINPEN notificou extrajudicialmente o hospital no último dia 16 de janeiro, exigindo o pagamento de salários atrasados referentes a dezembro de 2024, a segunda parcela do 13º salário, benefícios como cestas básicas e férias vencidas, além do recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A notificação previa uma resposta dentro de 72 horas, prazo que expirou na sexta-feira (19), sem nenhuma medida concreta por parte da administração.
O presidente do SINPEN, Arlindo César Ferreira, demonstrou indignação com a postura do hospital. “Nós demos todas as chances para que a instituição apresentasse uma solução. Agora, os trabalhadores não têm outra escolha a não ser demonstrar publicamente sua insatisfação. Não vamos mais tolerar esse descaso com os profissionais da saúde, que estão sendo tratados de maneira desumana e injusta”, afirmou.
Além disso, o advogado do sindicato, Dr. Lindolfo Macedo, reforçou que a situação do Hospital Santo Antônio é emblemática no que diz respeito à precariedade das relações trabalhistas na região. Ele destacou que o hospital é um dos campeões em ações trabalhistas no estado e questionou a conduta diferenciada da Justiça do Trabalho em Sinop, que, segundo ele, frequentemente favorece a administração do hospital em detrimento dos direitos dos trabalhadores.
A crise se agrava ainda mais com as reiteradas promessas não cumpridas. A administração do hospital havia informado que o pagamento seria realizado no dia 15 de janeiro, fato que não se concretizou. Em documentos obtidos por nossa redação, constatou-se que o pedido de bloqueio de valores foi protocolado pela instituição apenas no dia 16 de janeiro, às 11h26, contradizendo declarações anteriores da diretoria, que havia afirmado em entrevista que o pedido já havia sido feito dias antes.
Colaboradores relataram à nossa redação dificuldades financeiras graves, como contas vencidas e impossibilidade de adquirir itens básicos de subsistência. Uma enfermeira desabafou: “Estamos trabalhando sem condições, sem receber. Essa situação é insustentável. Precisamos nos unir para exigir nossos direitos.”
O Hospital Santo Antônio, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e possui contratos com convênios particulares, como a Unimed, continua a ser alvo de críticas pela falta de transparência em sua gestão. O espaço segue aberto para que a instituição possa se manifestar.
A paralisação marcada para esta segunda-feira será um marco de resistência dos trabalhadores da saúde em Sinop. O movimento busca não apenas o cumprimento dos direitos básicos dos colaboradores, mas também alertar a sociedade sobre a gravidade da crise enfrentada pelo hospital.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"