
Cada nome identificado traz alívio e dor, mas também reforça o clamor por justiça e humanidade
por Daniel Trindade
As buscas no cemitério clandestino descoberto em Lucas do Rio Verde (354 km ao norte de Cuiabá) foram encerradas na tarde de sábado (11). No local, vinculado ao Comando Vermelho, foram encontrados 11 corpos, dos quais três já foram identificados. A identificação das demais vítimas segue sob responsabilidade da Perícia Oficial e de Identificação Técnica (Politec). O local evidenciou a brutalidade de execuções realizadas pela facção criminosa na região.
Entre as vítimas identificadas estão Rafael Pereira de Souza, de 34 anos; Andris David Mattey Nadales, um jovem venezuelano de 19 anos; e Wilner Alex de Oliveira Silva, de 29 anos. As histórias que cercam seus sequestros são marcadas pela violência e a crueldade.
Rafael Pereira de Souza, natural de Rondonópolis, foi sequestrado em sua própria casa em Lucas do Rio Verde na noite de 1º de janeiro. Segundo relatos à polícia, pelo menos três homens armados e encapuzados invadiram sua residência, exigindo informações sobre quem fornecia drogas a ele. Após ser levado em um carro cinza, Rafael desapareceu.
O venezuelano Andris David Mattey Nadales foi a segunda vítima identificada. Ele foi sequestrado na madrugada de terça-feira (7), apenas três dias antes da localização do cemitério clandestino. Hospedado em um hotel próximo à área onde o cemitério foi descoberto, Andris foi levado por dois homens armados que invadiram o local. Um dos suspeitos, Thaylon Corrêa de Andrade, morreu em confronto com a Polícia Militar dias depois, enquanto outro foi preso.
Wilner Alex de Oliveira Silva, a terceira vítima identificada, foi sequestrado no bairro Cerrado no dia 27 de dezembro de 2024. Ele estava em casa com sua namorada e filho de um ano quando três homens encapuzados o forçaram a entrar em um carro branco. Um dos sequestradores permaneceu na casa até o final da noite, deixando a família sem notícias de Wilner.
A Politec orienta os familiares de pessoas desaparecidas em Lucas do Rio Verde e região a comparecerem a uma unidade de Medicina Legal para fornecer material genético, que será usado para confronto genético com as amostras biológicas das vítimas. O processo é simples e indolor, realizado com um cotonete passado na parte interna das bochechas. Também é recomendado que familiares apresentem prontuários odontológicos das pessoas desaparecidas, caso tenham realizado tratamentos dentários.
Os materiais genéticos coletados serão inseridos no Banco Nacional de Perfis Genéticos, permitindo um cruzamento de informações que pode auxiliar na identificação das vítimas. Em caso de compatibilidade, a Politec entrará em contato com os familiares para os procedimentos legais.
A descoberta do cemitério clandestino em Lucas do Rio Verde expõe o grau de violência e impunidade operado por facções criminosas na região. A continuidade das investigações busca não apenas identificar as vítimas restantes, mas também desmantelar redes criminosas responsáveis por tais atrocidades.
com informações do GD notícias

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"