Além de Janja, descubra os principais nomes que influenciam as decisões do presidente
Por Daniel Trindade, Portal de Notícias Deixa Que Eu Te Conto, com informações do Estadão
No intrincado jogo político de Brasília, onde cada movimento é calculado e cada palavra pode ter repercussões profundas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conta com uma rede de conselheiros que vai além da figura carismática de sua esposa, Rosângela da Silva, conhecida como Janja. A socióloga, que discute com Lula temas que vão da política à economia, tem sua influência reconhecida pelo próprio presidente. Mas quem são os outros atores que ajudam a moldar os rumos do país?
Rui Costa, ministro da Casa Civil, tem se destacado como uma figura de crescente influência no governo. Conhecido por seu estilo direto, que alguns colegas consideram rude, Costa tem vencido disputas importantes e se posicionado como um contraponto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ambos são vistos como pré-candidatos à presidência em 2030, reeditando a histórica rivalidade entre a Fazenda e a Casa Civil.
Janja, que chama Haddad de “meu amigo”, tem sido uma defensora fervorosa do ministro no governo. Lula, por sua vez, gosta de estimular conflitos na equipe para arbitrar os embates e dar a última palavra, frequentemente levando em conta a opinião de Janja. Recentemente, ela gravou um vídeo com Haddad para comemorar a regulamentação da reforma tributária pela Câmara.
“A Janja é o meu farol, aquele farol que guia”, afirmou Lula em janeiro. “Quando tem coisa errada, ela me chama a atenção. Às vezes, ela fala uma coisa para mim que a minha assessoria não fala. E isso, obviamente, me ajuda.” Na semana passada, após uma série de gafes cometidas por Lula, Janja pediu que ele tomasse cuidado com as palavras e lesse o discurso no encerramento da 5.ª Conferência dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Janja conseguiu o que nenhum assessor consegue: fazer Lula seguir o discurso escrito.
Embora Lula pareça jogar bola nas costas de Haddad às vezes, ele tem grande apreço pelo ministro. Em 2022, foi Haddad quem sugeriu a Lula a ideia de convidar Geraldo Alckmin para vice da chapa, o que se mostrou uma decisão acertada. A portas fechadas, Lula pediu a dirigentes do PT que parassem de atacar Haddad e concentrassem as críticas no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “Quando vocês batem na política econômica do Haddad, é em mim que vocês estão batendo porque essa política é minha”, disse Lula.
Lula adota um discurso crítico às altas taxas de juros, que ressoa com a classe média, um público importante nas eleições municipais deste ano. Quando o assunto é eleição em São Paulo, os nomes mais consultados por Lula estão fora do governo: Rui Falcão e Edinho Silva.
A última resolução política do Diretório Nacional do PT deu uma “trégua” a Haddad, focando a artilharia em Campos Neto. “Fizemos um desagravo a Haddad, que está sob ataque”, disse o deputado Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do PT. No cenário atual, Haddad ainda é o preferido de Lula para disputar o Planalto em 2030, mas tudo depende dos rumos da economia. Apesar da resistência de uma ala do PT, ele conta com a simpatia de Janja.
Em junho, Haddad organizou um jantar em São Paulo com Lula e economistas como Guido Mantega e Luciano Coutinho. Todos pediram cautela nos ataques ao Banco Central para não piorar a crise. Lula ouviu, mas mostrou irritação com o mercado, que, segundo ele, age contra o governo.
Lula mantém o controle do jogo até o fim, dando sinais trocados para testar auxiliares. Desde o início do ano, ele tem feito acenos frequentes a Rui Costa, desafeto de Haddad. Quando a empresária Cristiana Prestes Taddeo afirmou que Costa estava envolvido em fraude na compra de respiradores, Lula ignorou a denúncia e elogiou Costa. Em abril, Lula apresentou Costa como “primeiro-ministro” do governo. Nos bastidores, Costa atribui o vazamento das denúncias contra ele ao time de Haddad. Na Fazenda, Costa é visto como um “brucutu”.
Lula deixa o “fogo amigo” atingir altas temperaturas e demora para tomar decisões. Em maio, Haddad perdeu para Costa a disputa pelo controle da Petrobras. Lula anunciou a demissão do presidente da estatal, Jean Paul Prates, defendido por Haddad.
Rui Costa foi escolhido por Lula para ser o interlocutor do presidente da Câmara, Arthur Lira, que chamou o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de “incompetente”. Costa também se reconciliou com o deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil, favorito de Lira para sua sucessão ao comando da Câmara.
O seleto grupo dos ministros mais ouvidos por Lula inclui Luiz Marinho (Trabalho) e Ricardo Lewandowski (Justiça). Marinho convenceu Lula a ir à casa de Paulo Maluf em 2012 para apoiar Haddad à Prefeitura. Lewandowski aconselhou Lula a não dividir o Ministério da Justiça após a saída de Flávio Dino.
Lula avalia uma Proposta de Emenda à Constituição para dar mais poder ao governo federal na área de segurança pública. Janja aprova a atuação de Lewandowski e sempre o elogia. Na temporada de disputas municipais, a segurança aparece como uma das principais preocupações dos eleitores, um desafio para o PT.
Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"