
Uma palestra sobre à diversidade da comunidade LGBTQIAPN+ para estudantes do 5º ano do ensino fundamental na Escola Municipal Mercedes de Paula Soda, em Várzea Grande, está gerando uma imensa repercussão nas redes sociais com debates e críticas políticas. No vídeo, uma mulher trans explica aos alunos a necessidade de que eles sejam respeitosos com a orientação e identificação sexual de cada indivíduo.
No entanto, o discurso foi considerado uma política de ideologia de gênero, tema tido como incompatível por autoridades dada a idade das crianças, que de acordo com a série, varia entre 9 e 10 anos. “A gente precisa entender que existem meninos e meninas e que isso pode ser construído ao longo do tempo.
Eu quando nasci, nasci com o sexo masculino, porém quando eu cresci, eu fui percebendo que eu não me identificava como menino. Eu gostava das coisas de menina. Se as pessoas não aprenderem a respeitar, pessoas como eu vão passar a sofrer”, disse a educadora ao longo do discurso.
Ainda conforme o discurso, os alunos foram orientados de que homofobia e transfobia é tida como crime e não será tolerada na instituição escolar. “Quem pratica homofobia, transfobia, podem ser punidas. Os pais de vocês, caso vocês o façam podem ser punidos, com prisão de 1 a 5 anos. Isso não deve mais ser admitido dentro de uma instituição escolar. Se alguém falar mal de alguém por conta do dinheiro que a pessoa tem, ou por causa do gênero, orientação sexual, que não é opção, será punido. Poderá assinar advertência,
terá pai e mãe chamado para conversar”, comentu a educadora.
A palestrante ainda compara a opção sexual com a religiosa. “Seria certo eu entrar no terreiro porque eu sou evangélica ou católica jogar pedra e quebrar tudo? Então por que, se eu sou menino, vou lá jogar pedra e apontar o dedo pra uma pessoa que não se identifica como menino? Então, é preconceito. Se o menino gosta de outro menino, se a menina gosta de outra menina, isso importa a quem? Só a eles mesmos. Agora, se eu não tenho interesse, por que vou me importar? Então vamos aprender que as pessoas são diferentes. […] Hoje sou uma mulher trans, isso está lá no meu documento, não importa se você aceita ou não, você tem que respeitar”, emendou.
O discurso gravado da educadora gerou revolta por parte de pessoas ligadas a ideologia política de direita, mais precisamente seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Por exemplo, a deputada federal Amália Barros (PL) considerou o discurso um “absurdo”.
A parlamentar afirmou que entrará com uma moção de repúdio quanto à situação na Comissão de Educação da Câmara Federal. “Eu como deputada federal por Mato Grosso, não permitirei. Entrarei com um requerimento de moção de repúdio na comissão de Educação”, declarou em publicação no Instagram.
internautas se dividiram em grupos que concordavam com o parlamentar “Isso é um absurdo”, “Aberração”, “É menine que está no microfone??”. E aqueles que defenderam o posicionamento da profissional
“Quanto preconceito, a funcionária da escola ensinando sobre respeito!!!” e “Apenas orientando sobre sexualidade normal , pq só tá orientando não está induzindo a ser outro gênero menos mimimimi…”. Na segunda-feira (25), foi o dia nacional do orgulho LGBTQIAPN+ e existe a suspeita é de que a palestra aos alunos tenha sido feito em celebração à data.
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OUTRO LADO
Por meio de nota, a prefeitura de Várzea Grande alegou que a gestão não pratica ideologia de gênero em nenhuma secretaria e que em ano eleitoral a discussão de determinados assuntos acaba levando a ‘caminhos travessos’. O texto ainda admite que a servidora e estudantes da instituição estavam sendo vítimas de preconceito em virtude da orientação sexual.
Confira a nota na íntegra:
NOTA DE ESCLARECIMENTOS
As Secretarias de Comunicação Social; Educação, Cultura, Esporte e Lazer; Governo; Administração e Procuradoria Municipal em atenção ao pedido de esclarecimento deste conceituado órgão de imprensa informa:
• A Prefeitura de Várzea Grande não pratica ideologia de gênero em nenhuma de suas Secretarias ou Órgãos Municipais e refuta toda e qualquer manifestação, venha ela de pessoas ou segmentos;
• Fato isolado ocorrido durante acolhimento de alunos na Escola Mercedes de Paula Soda, localizado no Jardim Paula I, com manifestação de um profissional da área de Educação, não traduz a opinião e o conceito da Administração Municipal e da política educacional que é contra qualquer tipo de discriminação de raça, cor, credo ou qualquer manifestação pública;
• O papel da Educação Municipal é o de ensinar, educar e demonstrar a importância da ética para toda e qualquer missão que as pessoas assumam em suas vidas.
Os Órgãos Municipais informam ainda que a Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer vai promover o devido esclarecimento dos fatos, que teriam sido motivados pelo tratamento discriminatório contra o profissional da Educação e contra alguns alunos.
A politização em ano eleitoral visando caminhos transversos acaba provocando discussões desnecessárias como a atual, que em nada contribui para a educação ou para a formação de homens e mulheres, mas o Poder Público Municipal é vigilante e não irá permitir que transformem fatos isolados em crises políticas deflagradas por conceitos de Direita ou de Esquerda.
Lembra ainda que o uso indiscriminado e até mesmo incriminador das mídias sociais é que provocam outras discussões desnecessárias.
As postagens e seus textos nas mídias sociais parecem mais discriminadoras do que a própria fala do profissional de educação.
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Fonte : FOLHAMAX

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"