O que o prefeito de Sinop, Roberto Dorner, irá fazer a respeito da UPA e outras 9 unidades de saúde do município que eram gerenciadas pelo IGPP (Instituto de Gestão de Políticas Públicas)? Com o Instituto sendo investigado por desviar recursos públicos a gestão vai manter o contrato terceirizando os serviços?
Dorner pode afirmar que não é corrupto e que se houve desvio de dinheiro, foi uma ação exclusiva do IGPP. Mas foi a gestão do atual prefeito que escolheu o instituto. Não apenas uma vez, mas três.
E maio de 2022, cansado de receber queixas sobre o atendimento na UPA 24h, Dorner foi até a frente da Unidade para anunciar que estava rompendo o contrato com o ISSRV – empresa que prestava o serviço terceirizado desde 2019. Foi uma decisão unilateral, objetiva. No ato, a prefeitura não retomou para si os serviços. Ao invés disso contratou, em caráter emergencial, o IGPP. Seis meses depois, quando o contrato venceu, renovou com o IGPP e fez isso por mais uma vez, até que a Polícia Civil, com ordem da justiça, suspendesse a atividade do Instituto em Sinop.
Nesse momento Dorner tem duas coisas a seu favor. A primeira é o benefício da dúvida, considerando que de fato a corrupção foi um ato exclusivo do Instituto, sem a participação da sua gestão. O segundo ponto em favor do prefeito é o Poder de Escolha.
Dorner pode repetir o que fez quando estava descontente com o ISSRV. Pode extinguir o contrato e chamar outra organização social de saúde para assumir os serviços, de forma quase instantânea. Seria um gesto de lisura para com a coisa pública. O risco é de cair no mesmo buraco duas vezes.
A gestão entraria em total descrédito se apostasse novamente em um instituto falho. E por “falho”, entenda-se não apenas desonesto. Quem assumir os serviços da UPA e das demais unidades de Saúde a partir de agora precisa ser integro e sério, mas também comprometido com as demandas da cidade e acima de tudo, saber executar o serviço.
Como Dorner bem aprendeu com o IGPP, ninguém tem bola de cristal para saber como uma empresa vai se comportar na hora de prestar serviço ao município. Mas é possível reduzir a margens de erro apostando em quem se conhece.
E nesse caso, a resposta mais óbvia é a Fundação de Saúde Comunitária Santo Antônio. Essa entidade faz saúde em Sinop antes do SUS existir. Não há o que se falar da vocação e da capacidade técnica da Fundação Santo Antônio na prestação de serviços de saúde. O mais importante, para esse momento, é o fato de que essa instituição está bem aqui, com suas bases cravadas em Sinop desde 1989. Não é como se o prefeito fosse contratar um CNPJ cuja sede está em São Paulo ou em Goiás. Diferente do IGPP ou mesmo do ISSRV, a Fundação Santo Antônio não vai sair da cidade de Sinop quando o contrato acabar, seja por prazo ou por investigação. Os sinopenses também sabem exatamente quem são os diretores e os conselheiros da Fundação – todos eles muito bem assentados em Sinop.
Na fé católica, é comum se apegar a um Santo como intermediário das orações para Deus. O argumento por traz da crença é de que um Santo, embora esteja no céu, já foi um ser humano, então está mais próximo dos mortais e por isso pode compreende-los. Talvez se apegar ao Santo seja uma forma da Gestão Municipal encontrar a remissão dos pecados cometidos na saúde. Nesse caso, um santo de casa pode sim fazer milagres.
FONTE : GC NOTÍCIAS
Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"