
Mais do que um papel biológico, a paternidade é um compromisso diário que atravessa laços de sangue, supera ausências e se reinventa na diversidade das relações humanas.
por Daniel Trindade
Chegando o Dia dos Pais, decidi escrever este artigo. Esse dia que, para muitos, é de festa, de abraços e de presentes, mas que para outros é também um dia de lembrança, de silêncio e de saudade. É uma data que, inevitavelmente, desperta reflexões sobre a figura paterna em todas as suas formas sejam os pais que estão presentes, os que partiram cedo demais ou aqueles que, mesmo distantes, deixaram marcas profundas.
O Dia dos Pais sempre foi, para muitos, uma data marcada pela imagem tradicional do pai provedor, figura central da família nuclear formada por pai, mãe e filhos. Porém, a realidade contemporânea já não se encaixa nesse molde único, e é justamente nesse cenário que a data ganha novos significados. As transformações sociais, culturais e afetivas das últimas décadas abriram espaço para reconhecer que paternidade não é um título concedido pelo acaso biológico, mas um papel assumido no cotidiano, com presença, afeto e responsabilidade. Hoje, há pais que não geraram, mas criam; há mães que, sozinhas, também exercem o papel de pai; há famílias formadas por dois pais ou duas mães; há avós, tios, padrastos e madrastas que se tornaram figuras paternas por circunstância ou escolha. Todos esses arranjos revelam que ser pai é, acima de tudo, estar comprometido com a vida e o desenvolvimento de outra pessoa.

Na sociedade atual, a paternidade é mais participativa e afetiva. Não se limita ao sustento material, mas inclui a presença nos momentos decisivos e também nos simples: a conversa antes de dormir, a lição de casa, o jogo no quintal, o abraço depois de um dia difícil. É um exercício diário de construção de vínculo e de exemplo. Ao mesmo tempo, é impossível ignorar que muitas famílias enfrentam a ausência paterna, e que, nesses casos, outras figuras maternas ou não ocupam esse espaço com dedicação e amor. O reconhecimento dessas realidades não diminui a importância do pai tradicional; ao contrário, amplia o entendimento sobre quem merece ser celebrado nesta data.
Mas o Dia dos Pais também é, inevitavelmente, um dia de memória. Para aqueles que já não têm seu pai por perto, seja pela distância física ou pela partida definitiva, a data ganha um tom agridoce. A saudade se mistura ao agradecimento pelas histórias vividas. Como escreveu Carlos Drummond de Andrade, “Pai é aquele que se preocupa, se importa e se sacrifica por você e por sua felicidade. Obrigado, pai, por existir.” Para quem carrega essa ausência, o amor não se apaga ele se transforma em lembrança, em conselho guardado, em exemplo que continua a guiar mesmo depois que a voz se cala.
O Dia dos Pais, nesse sentido, deixa de ser uma homenagem restrita e se transforma em um tributo ao cuidado. Cuidado que não tem gênero, orientação sexual ou formato pré-definido. É o cuidado que educa, protege, apoia e ensina. Quando ampliamos o olhar, percebemos que o que sustenta uma família não é o modelo que ela segue, mas a força dos vínculos que nela se constroem. Por isso, talvez o maior gesto de maturidade social seja reconhecer que pais são todos aqueles que, de alguma forma, se colocam no lugar de guiar, amar e cuidar. A paternidade, afinal, é menos sobre de onde se vem e mais sobre o que se constrói no tempo presente, no tempo da memória e até no tempo da saudade.
Feliz Dia dos Pais a todos que, de alguma forma, fazem parte dessa missão tão bonita e transformadora de cuidar, proteger e amar.

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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Consultor Político
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"






