
Decisão da Meta reacende debate sobre o papel do Legislativo na regulação digital
Por Daniel Trindade
A Câmara dos Deputados vive um impasse sobre o Projeto de Lei da Regulação das Redes, que está parado há quase dois anos. A oposição se encontra dividida: enquanto alguns deputados defendem a retomada do projeto para evitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) assuma o protagonismo e endureça as regras, outros preferem arquivar a proposta definitivamente.
A recente decisão da Meta, empresa controladora do Facebook e Instagram, de suspender o sistema de checagem de fatos nos Estados Unidos, reacendeu o debate sobre a necessidade de regulação das redes sociais no Brasil. Em resposta, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a criar um grupo de trabalho para discutir o tema, mas o esforço não avançou.
O projeto propõe punições para a disseminação de notícias falsas por meio de contas automatizadas e responsabiliza as plataformas digitais por falhas no combate à desinformação.
Deputados da oposição expressaram opiniões divergentes sobre a abordagem a ser adotada. Mauricio Marcon (PODE-RS) argumenta que não avançar no debate também é uma forma de legislar, evitando “curvar-se à vontade de alguns juízes”. Já Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) considera que votar no projeto seria apoiar a “censura”, e que o STF deve arcar com as consequências de suas decisões.
Por outro lado, Rodrigo Valadares (União-SE) defende que a Câmara deve elaborar sua própria regulação para prevenir uma definição unilateral do STF. Ele acredita que o Legislativo deve ser o responsável por qualquer regulação, em vez de esperar por uma decisão judicial.
Após a decisão da Meta, o presidente Lula criticou a mudança e destacou a importância de respeitar a soberania dos países. Em reunião com ministros, o presidente determinou que o governo dialogasse com o Congresso para decidir o melhor caminho para o avanço do debate.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo está disposto a enviar um projeto, caso o Legislativo considere necessário. No entanto, governistas como Orlando Silva (PCdoB-SP) criticam a falta de engajamento do governo na aprovação da proposta.
O PL da Regulação das Redes, apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania), foi aprovado no Senado em junho de 2020 e chegou à Câmara no mês seguinte. Apesar de ter sido discutido em um grupo de trabalho, o projeto não avançou após a retirada de pauta em maio de 2023, quando não havia consenso para sua aprovação.
Paralelamente, o STF analisa a responsabilidade das redes sociais pelo conteúdo publicado por usuários, um tema que envolve o Marco Civil da Internet, a legislação que define princípios e deveres para o uso da internet no Brasil. A decisão da Corte poderá impactar as regras de responsabilização das big techs por danos causados por postagens em suas plataformas.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"