
Por Daniel Trindade
O agronegócio brasileiro lançou um boicote que ameaça o abastecimento das lojas Carrefour no Brasil. A ação é uma retaliação à decisão do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, que anunciou que a rede deixará de comprar carnes do Mercosul para as lojas na França. Em resposta, grandes frigoríficos brasileiros, incluindo JBS, Marfrig e Masterboi, suspenderam o fornecimento de carne ao Carrefour, que detém o maior conglomerado varejista do país.
Reação do Setor e Apoio Governamental
O movimento dos frigoríficos foi rapidamente apoiado pelo Ministério da Agricultura. Além disso, bares e restaurantes também aderiram ao boicote, interrompendo suas compras na rede francesa. A declaração de Bompard, feita com a intenção de influenciar outras empresas francesas, acabou gerando forte oposição no Brasil.
Apesar do Carrefour Brasil afirmar que não há desabastecimento nas lojas, relatos indicam que entre 30% e 40% das gôndolas de carnes já apresentam escassez. Relatórios apontam que cerca de 50 caminhões carregados com carne, destinados ao Carrefour, Atacadão e Sam’s Club, tiveram suas entregas suspensas.
Resposta das Entidades do Setor
Quarenta e duas entidades do setor produtivo brasileiro publicaram uma carta aberta, classificando a decisão do Carrefour como “infundada” e “protecionista”. Elas ressaltaram a posição do Brasil como líder mundial na exportação de carnes e destacaram as rigorosas práticas de sustentabilidade e controle sanitário do país.
Aderência ao Boicote
A Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp) também se uniu ao boicote, incentivando seus associados a valorizarem os produtos brasileiros. O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Pedro Lupion, minimizou o impacto da decisão francesa ao afirmar que as exportações de carne para a França representam apenas 0,002% do total.
Apoio do Governo
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, expressou apoio ao boicote, afirmando que, se a carne brasileira não serve para a França, também não deve abastecer o Carrefour no Brasil. Ele elogiou a postura dos frigoríficos, destacando a soberania e o respeito à legislação brasileira.
Críticas de Ex-Executivo
Stéphane Engelhard, ex-vice-presidente do Carrefour Brasil, criticou a decisão da matriz francesa, chamando-a de “inapropriada” e “um desastre”. Ele enfatizou a importância da operação brasileira para o Carrefour global, que representa 40% do Ebitda da empresa.
Contexto e Repercussão
Este boicote ocorre em meio a tensões comerciais entre Brasil e França. Recentemente, a Danone também anunciou a suspensão da compra de soja brasileira citando preocupações ambientais, mas voltou atrás após reações negativas.
O boicote do agronegócio ao Carrefour ilustra um crescente atrito comercial entre Brasil e França, sob o pretexto de questões ambientais. O Brasil defende suas práticas sustentáveis e critica as medidas protecionistas francesas como infundadas. A situação destaca as complexidades das relações comerciais internacionais e os impactos potenciais de decisões unilaterais nas economias globais.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"