
“Terceirizar a saúde é assinar um atestado de incompetência administrativa.”
por Daniel Trindade
A recente decisão de transferir a gestão do Hospital Regional de Sinop para o Consórcio Público de Saúde Vale do Teles Pires está levantando sérias questões sobre a capacidade do Governo do Estado de Mato Grosso em administrar eficazmente uma das mais importantes unidades de saúde da região. Na assembleia realizada na manhã do dia 11 de fevereiro, que contou com a participação dos prefeitos dos 16 municípios do consórcio, a decisão de passar as rédeas da gestão para mãos locais foi unânime. Isso, contudo, levanta uma pergunta crucial : está o Estado admitindo sua própria incompetência ao gerir um hospital que não só serve como referência em procedimentos de média e alta complexidade, mas também é comparável às grandes infraestruturas hospitalares privadas?
Miguel Vaz, prefeito de Lucas do Rio Verde e presidente do consórcio, destacou que a mudança visa melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados. No entanto, é impossível ignorar os ecos do passado, nos quais experiências similares de terceirização não só falharam em atender às expectativas como também introduziram novos problemas de gestão e transparência. “O hospital tem uma boa estrutura e pode oferecer mais do que vem oferecendo”, disse Vaz, numa declaração que soa tanto como uma promessa quanto um atestado dos problemas atuais sob a gestão estatal.
Solimara Moura, a secretária-executiva do consórcio, assegurou que a gestão local irá “fazer mais, com menos”. No entanto, sem detalhes concretos sobre como isso será alcançado, a comunidade permanece cética. A experiência anterior com organizações sociais (OS) na gestão de hospitais na região deixou uma mancha de desconfiança, alimentando temores de que a qualidade do atendimento possa decair sob o novo regime.
A transferência da administração do hospital, que atende mais de um milhão de habitantes e é um pilar para a saúde pública na região, para um consórcio público, levanta mais questões do que respostas. A falta de competência do estado, ou a aparente abdicação de responsabilidade, é um golpe duro para a confiança pública. Com uma infraestrutura que rivaliza com hospitais particulares de renome, por que o Estado não mantém a gestão direta, garantindo que os padrões sejam mantidos ou até mesmo elevados?
Paulinho Abreu, vice-prefeito de Sinop, pode enfatizar a proximidade e o conhecimento local dos prefeitos como uma vantagem, mas a história já mostrou que boas intenções não são suficientes para garantir uma gestão eficaz de saúde. O que a população de Sinop e das regiões vizinhas realmente precisa são garantias de que sua saúde não será comprometida por decisões que parecem mais focadas em burocracia e economia do que no bem-estar do paciente.
Essa mudança é, para muitos, um reflexo não apenas de uma busca por eficiência, mas um atestado preocupante de falhas e frustrações com a gestão estatal. Será essa transferência de gestão um passo positivo rumo à melhoria, ou um prelúdio para um novo capítulo de descontentamento e desafios na saúde pública de Sinop? A comunidade merece transparência total, um compromisso inabalável com a qualidade e, acima de tudo, respostas claras.
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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"