
“A venda de terras públicas na Amazônia coloca em jogo não apenas a legalidade, mas o compromisso com a transparência e a preservação do patrimônio ambiental.”
por Daniel Trindade
Uma negociação envolvendo 700 hectares de terras devolutas do Estado de Mato Grosso para o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson José Redivo, tornou-se alvo de investigação na Assembleia Legislativa do estado. O negócio, realizado por R$ 674.918,51, levantou questionamentos sobre a legalidade, transparência e os critérios utilizados no processo de regularização e venda da área, localizada no município de Santa Carmem.
O deputado estadual Valdir Barranco (PT) apresentou um requerimento pedindo esclarecimentos ao presidente do Instituto de Terras do Estado de Mato Grosso (Intermat), Francisco Serafim de Barros, sobre o processo de regularização fundiária e georreferenciamento que antecedeu a venda da área conhecida como Fazenda Rafer. A propriedade, antes considerada terra devoluta do Estado, está situada em uma região de grande relevância ambiental, inserida no bioma da Amazônia Legal.
Barranco criticou o processo, apontando a necessidade de maior rigor e transparência na regularização fundiária e na proteção do patrimônio público. “Precisamos garantir que nenhuma etapa comprometa nosso compromisso com o meio ambiente e o patrimônio público. Essa área, além de ter grande valor econômico, está dentro de um contexto ambiental sensível e exige responsabilidade absoluta na sua gestão e exploração,” destacou.
Entre os pontos levantados pelo deputado estão os critérios técnicos utilizados para avaliar o valor da terra, o histórico de titularidade da área e se houve estudos de impacto ambiental conduzidos pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT). Barranco também revelou que foi solicitada uma licença para exploração florestal antes da finalização da venda, o que reforça a necessidade de uma apuração detalhada.
Além disso, a área está localizada em uma região sensível ao desmatamento. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que Mato Grosso foi responsável por cerca de 20% do desmatamento total na Amazônia em 2023, o que aumenta a preocupação com a transparência em negociações que envolvem terras na região.
O Intermat, por sua vez, defendeu a legalidade do processo, afirmando que a negociação seguiu os trâmites previstos na Lei nº 10.863/2019 e no Decreto 146/2019. A regularização da área também teria sido autorizada pela Assembleia Legislativa, com base na Resolução nº 867/23, assinada por parlamentares, incluindo Barranco, Eduardo Botelho e Max Russi.
Ilson Redivo, o comprador da área e figura de destaque no agronegócio da região, é conhecido por seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à ex-candidata a prefeita de Sinop, Mirtes da Transterra, derrotada nas últimas eleições. A ligação política de Redivo tem gerado ainda mais repercussão em torno do caso, com críticas de que o negócio pode ter favorecido interesses políticos e econômicos em detrimento da preservação ambiental e da transparência.
O caso também reacende o debate sobre a exploração de terras públicas e o risco de que o processo de regularização fundiária seja utilizado para beneficiar grandes proprietários, em vez de atender ao interesse público. A Assembleia Legislativa prometeu seguir investigando o caso, e Barranco afirmou que o requerimento busca garantir que os fatos sejam esclarecidos. “Nosso compromisso é com a sociedade. Precisamos assegurar que tudo foi feito dentro da legalidade e que o interesse público foi priorizado,” concluiu o deputado.
A investigação e o debate prometem esquentar ainda mais os bastidores políticos de Mato Grosso, com possíveis desdobramentos que podem impactar a gestão de terras devolutas e o controle ambiental no estado.
segue o esapaço aberto para a manifestação do Presidente do Sindicato Rural por meio de sua assessoria.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"