O médico Marcus Vinicius Ramos de Oliveira relatou que se sentiu “humilhado e constrangido” pelo vereador Marcrean Santos (MDB) quando ele, supostamente, invadiu a unidade de tratamento intensivo (UTI) do antigo Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, no dia 9 de junho. Ele contou, durante a sessão ordinária na Câmara Municipal desta terça-feira (25), que recebeu apoio de demais profissionais da saúde que passaram pela mesma situação envolvendo o mesmo parlamentar.
“Ele chegou se identificando como vereador e pediu informações e eu respondi que naquele momento eu não poderia fazê-lo porque estava em afazeres com
outros pacientes graves. Ele não aceitou bem a resposta e começou a me intimidar, a me ameaçar, falando que iria ligar para prefeito, secretário, não sei quem mais. Em momento nenhum, ele proferiu palavra de baixo calão, mas aos gritos entrou na UTI atrás de mim dizendo que eu iria ver que eu não
estava acima de ninguém. Em momento, algum fui mal educado como ele andou falando na mídia”, relembrou o médico.
Tudo começou quando o médico acusou o parlamentar de ter invadido o local que, aos berros, teria ameaçado o profissional e sua equipe exigindo informações de seu interesse pessoal. Ele representou contra o legislador na Câmara de Cuiabá após registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
O pedido foi negado por falta de documentos. Na quinta-feira (20), o Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso (CRM-MT), informou que entrou com uma representação contra Marcrean.
Este pedido ainda não foi analisado. “Dentro da UTI, gerou certa revolta e o pessoal acabou acionando a polícia e não sei relatar quem foi, mas a situação foi bem humilhante, constrangedora porque estava trabalhando naquela correria, ainda mais final de semana que é mais pesado e a gente teve que
parar uma hora e meia devido ao tumulto promovido pelo vereador. Isso gerou transtorno para os pacientes. Tinha uma paciente despida e nem nisso o
vereador se teve a prestar atenção”, comentou o profissional.
Marcrean alega que a mulher estava internada há cerca de um mês e seria parente dele de terceiro grau, que havia vindo do distrito de Mimoso (120 km de Cuiabá) para se tratar na unidade e contraiu uma infecção. O parlamentar explicou que ligou para o secretário de Saúde, Deiver Teixeira, e, em seguida, foi até o antigo PS. Ele chegou a dizer que iria denunciar o profissional ao CRM-MT por ele estar “dormindo em horário de serviço”.
No entanto, a entidade se manifestou prestando solidariedade ao médico e repudiando a invasão do parlamentar pedindo a cassação de seu mandato. O
presidente do órgão disse que a ação do líder do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) colocou em risco a vida de outros pacientes internados em estado grave e por isso não pode ficar impune.
Marcos Vinicius afirma que recebeu apoio de demais colegas que passaram pela mesma situação que ele envolvendo o mesmo parlamentar. “A equipe ficou atordoada sem saber o que fazer porque ele gritava dentro da UTI.
Infelizmente, queria estar aqui falando coisas boas sobre o vereador, mas não. Queria relatar que em momento nenhum quisemos queimar ninguém. Nos meus seis anos de Medicina nunca passei por isso. Recebi outros relatos de colegas que também passaram por isso, inclusive com o próprio Marcrean com
outros profissionais”, denunciou.
A Comissão de Ética e Decoro Parlamentar é formada pelos vereadores Rodrigo Sá e Arruda (PSDB), Kassio Coelho (Podemos) e Wilson Kero Kero (PMB). Os membros aguardam o parecer da Procuradoria da Câmara para saber se a investigação será aberta ou não.
Fonte: FOLHAMAX
Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"