
por Daniel Trindade
“Na saúde pública, o jaleco cuida de vidas, mas é a gestão que sustenta o sistema.”
A escolha de um secretário de saúde envolve mais do que entender de medicina; ela requer habilidades específicas de gestão, estratégia e liderança. No Brasil, é comum ver médicos sendo nomeados para cargos de chefia em secretarias de saúde, mas nem sempre essa escolha resulta na gestão eficiente que o setor precisa. Afinal, enquanto o médico tem como foco o atendimento e o cuidado direto com os pacientes, um gestor precisa lidar com aspectos como planejamento, alocação de recursos, gestão de pessoal, e estratégias de políticas públicas. Em outras palavras, médico é médico, gestor é gestor.
Colocar um médico à frente da secretaria pode parecer a escolha natural, considerando sua vivência diária com os desafios da saúde. No entanto, a gestão da saúde pública é uma área extremamente complexa e exige competências que vão além do atendimento clínico. Um gestor, seja ele médico ou não, precisa ter uma visão estratégica e saber planejar ações que atendam às demandas da população. Ele deve ser capaz de gerir orçamentos, otimizar recursos, coordenar equipes multidisciplinares e, principalmente, saber tomar decisões que considerem o bem-estar coletivo e os desafios logísticos e orçamentários do setor.
Ao colocar um médico no cargo de secretário de saúde sem uma formação em gestão ou experiência administrativa, a secretaria corre o risco de ver problemas crônicos, como a falta de insumos, a precariedade de equipamentos e a má alocação de recursos, se agravarem. O médico, por mais capacitado que seja clinicamente, tende a concentrar-se no atendimento imediato, enquanto um gestor tem a responsabilidade de planejar para o longo prazo, com visão de como as decisões de hoje impactarão a saúde pública amanhã.
Um gestor capacitado na Secretaria de Saúde trabalha para assegurar que os hospitais e unidades básicas estejam funcionando de maneira eficaz, que o atendimento aos pacientes seja organizado e eficiente e que os recursos sejam aplicados de forma a beneficiar o maior número de pessoas. Além disso, ele precisa de habilidade para coordenar as parcerias com outras secretarias e níveis de governo, buscando apoio financeiro e estrutural para implementar programas que melhorem a saúde coletiva.
Nomear um gestor experiente para a secretaria não significa desvalorizar a medicina ou a importância do conhecimento técnico dos profissionais da saúde. Pelo contrário, a presença de um gestor permite que médicos, enfermeiros e demais profissionais da área foquem no atendimento à população, deixando as decisões administrativas para alguém preparado para lidar com os desafios logísticos e financeiros do sistema de saúde.
Em suma, o cargo de secretário de saúde exige um olhar amplo, uma capacidade de organização e uma estratégia bem definida, características que vão além do que o jaleco pode representar. Para a saúde pública ser realmente transformada, é essencial que cada profissional esteja no lugar em que melhor pode contribuir, com médicos cuidando dos pacientes e gestores liderando a organização e os recursos que sustentam o atendimento à população.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"