
Após encaminhar projeto de R$ 28 milhões para a saúde, já em segunda votação, o Executivo envia outro no valor de R$ 43 milhões também com pedido de urgência. Somados, os dois ultrapassam R$ 71 milhões em menos de uma semana.
por Daniel Trindade
Nesta segunda-feira (12), a Câmara de Vereadores de Sinop se reúne para votar, em segunda e última votação, o Projeto de Lei n° 029/2025 que movimenta os bastidores da política local : o crédito adicional de R$ 28.104.707,04, destinado a um aditivo no contrato da Organização Social (OS) que administra unidades como a UPA, Policlínica e algumas UBSs do município. O projeto, já aprovado em primeira votação, deve passar com facilidade.
Mas o que poucos sabem é que o Poder Executivo quer mais. E não é pouco.
No mesmo dia, será apresentado o Projeto de Lei nº 033/2025, pedindo autorização para abrir um novo crédito suplementar no valor de R$ 43.207.659,64 (quarenta e três milhões, duzentos e sete mil, seiscentos e cinquenta e nove reais e sessenta e quatro centavos). O pedido já chega com um carimbo conhecido: regime de urgência.
Ou seja, além dos R$ 28 milhões, a Câmara também será pressionada a votar mais R$ 43 milhões quase R$ 72 milhões em menos de uma semana, todos destinados à área da saúde, sem o devido tempo para discussão pública, sem transparência plena, e sem que os vereadores possam fazer uma leitura crítica de projetos tão complexos.
Segundo o projeto, os recursos serão destinados quase que integralmente à Secretaria Municipal de Saúde, contemplando despesas como:
Manutenção da UPA: R$ 21,4 milhões
Atendimento noturno no Menino Jesus: R$ 8,2 milhões
Atenção primária à saúde: R$ 9,8 milhões
Média e alta complexidade: R$ 1,6 milhão
Saúde bucal: R$ 549 mil
Farmácia básica: R$ 960 mil
Transferências do SUS estadual: R$ 60 mil
A justificativa oficial informa que parte do valor virá do superávit financeiro da Prefeitura, e o restante será remanejado de outras áreas do orçamento. O problema não é o dinheiro é a pressa, a forma, o atropelo. Projetos bilionários não podem passar como se fossem ofícios de rotina.
O que torna tudo ainda mais questionável é a fala recente do ex-secretário de Saúde, Dr. Miranda, que afirmou em entrevista que vários de seus projetos foram engavetados sob a justificativa de que não havia recursos disponíveis. Agora, poucos dias após sua saída, surgem dois projetos milionários à disposição. Ou o dinheiro apareceu de repente ou não havia interesse em liberar para quem tentava trabalhar com autonomia dentro da pasta.
Aqui, é preciso parar e refletir. Porque o que está em jogo é mais do que milhões é o modelo de gestão e quem realmente decide os rumos da cidade.
Se a política de Sinop fosse um jogo de baralho, o Executivo jogaria como o Rei de Copas : não se mexe muito, mas todo mundo joga por ele. A base aliada, por sua vez, não é uma dama elegante protegendo o trono é mais como aquele curinga esperto, que serve pra qualquer jogada : às vezes defende, às vezes ataca, mas sempre cai de pé. Já a maioria dos vereadores, com raras exceções, anda parecendo valete de baralho velho : fazem pose, falam bonito, mas no final só servem pra carregar a vontade do rei.
Tem também os “Dois de Paus” aqueles vereadores que estão lá, mas ninguém lembra o que fazem. E claro, o povo, sempre ele… fora da mesa, sem carta, sem vez, só assistindo o baralho ser embaralhado por quem já sabe como vai terminar a rodada. A diferença é que, nesse jogo, o que está em jogo não são fichas : são vidas, é atendimento médico, é saúde pública sendo rifada sem debate.
Sinop não pode continuar com esse jogo de cartas marcadas. Não se trata apenas de votar projetos milionários trata-se de explicar, fiscalizar, justificar, ouvir a população e garantir que cada centavo cumpra sua função. Porque quando o baralho é viciado, quem sempre perde a aposta é o cidadão.
E como diria o velho ditado das mesas de truco : quem cala, consente e quem joga errado, perde a rodada.
Sinop precisa de investimentos, sim. Mas precisa, acima de tudo, de respeito à inteligência do cidadão. Saúde pública exige planejamento, fiscalização, metas, e resultados. O que não pode continuar acontecendo é esse vício de enviar milhões à Câmara com pressa, pedir urgência, exigir aprovação e, depois, deixar a população na fila esperando por exames, cirurgias, remédios e dignidade.
O Legislativo não foi eleito para carimbar decisões, nem para ser puxadinho do Executivo. Foi eleito para fiscalizar, representar, questionar. Porque, no fim, o jogo pode até parecer entre reis e rainhas mas quem paga a conta é o povo.
confira a pauta da 14º sessão :
http://pauta_14a_sessao_ordinaria_-_12-05-2025.pdfpauta_14a_sessao_ordinaria_-_12-05-2025.pdf
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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"