
Caso levanta debate sobre limites da expressão em sala de aula e motiva investigação da prefeitura
Por Daniel Trindade
Campo Grande, MS – A decisão de uma professora trans de se apresentar vestida de princesa no primeiro dia de aula em uma escola municipal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, desencadeou uma série de reações e um processo de averiguação por parte da prefeitura. O caso, que ganhou repercussão nas redes sociais e na Assembleia Legislativa, reacendeu discussões sobre a liberdade de expressão em sala de aula, a adequação de práticas pedagógicas e o respeito à identidade de gênero. As informações são de Paulo Cappelli, do Metrópoles.
Emy Santos, de 25 anos, leciona para crianças de 7 anos na Escola Irma Zorzi. Após ser convidada a se fantasiar para recepcionar os alunos no início do ano letivo, a professora compareceu ao trabalho vestida como uma princesa, o que gerou diferentes reações entre pais, alunos e a comunidade escolar.
Diante da repercussão do caso, a prefeitura de Campo Grande instaurou um processo de averiguação para apurar se a conduta da professora Emy Santos estaria em conformidade com as normas e diretrizes pedagógicas estabelecidas. O secretário de Educação, Lucas Bittencourt, explicou que a investigação tem como objetivo analisar se a fantasia utilizada pela professora se relaciona com o currículo escolar e se há necessidade de orientações específicas para a escola.
“Nós abrimos um processo de averiguação e, diante dessa averiguação, vamos investigar o que aconteceu e se há necessidade de alguma orientação ou intervenção. Identificaram que uma professora foi [vestida] de princesa à escola. A gente tem que ver o que isso tem a ver com o currículo. Vai ser averiguado e nós estaremos dando as orientações específicas à escola”, afirmou Bittencourt.
A secretaria de Educação deverá analisar se o conteúdo apresentado pela professora está de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece as diretrizes para a educação infantil, incluindo o uso de atividades lúdicas.
O caso chegou à Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, onde o deputado João Henrique Catan (PL) criticou a iniciativa da professora e cobrou um posicionamento da prefeitura. O parlamentar questionou se a fantasia utilizada pela professora fazia parte do plano de ensino e se a direção da escola havia autorizado a conduta.
A fala do deputado gerou críticas e acusações de transfobia nas redes sociais. Muitos internautas defenderam a professora Emy Santos e argumentaram que a fantasia não representava nenhum problema, além de destacarem a importância de combater o preconceito e a discriminação contra pessoas trans.
Em sua defesa, a professora Emy Santos afirmou que foi convidada a se fantasiar para recepcionar os alunos no primeiro dia de aula e que sua intenção era tornar o momento mais especial e acolhedor para as crianças. A professora também destacou que é uma profissional qualificada, com diploma e experiência na área, e que sua identidade de gênero não interfere em sua capacidade de exercer a função.
“Sou uma profissional, uma educadora, estudei para isso, sou uma mulher trans, sou travesti. Essa é minha identidade. Arte é arte. Foi um dia especial na escola. Fui convidada a me fantasiar para receber as crianças de forma diferente para o primeiro dia de aula!”, escreveu a docente em suas redes sociais.
Emy Santos também ressaltou que seu plano de aula está correto e que ela trabalha com cuidado para estimular a criatividade e a imaginação das crianças. A professora manifestou o desejo de que a justiça seja feita e que a sociedade possa superar o preconceito e a discriminação.
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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"