Aumento no custo da alimentação em domicílio afeta principalmente famílias de baixa renda
Por Daniel Trindade 29/09/2024 às 20h00
O preço dos alimentos no Brasil subiu quase 50% nos últimos quatro anos, superando significativamente a inflação geral do período. Dados do IBGE analisados pelo FGV Ibre mostram que, de janeiro de 2020 a agosto de 2024, o custo da alimentação em domicílio aumentou 49%, enquanto a inflação geral, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de aproximadamente 31%.
Principais aumentos por categoria:
- Cereais, leguminosas e oleaginosas: 85%
- Legumes, tubérculos e raízes: 97%
- Ovos: 46%
- Hortaliças e verduras: 84%
- Frutas: 91%
- Carnes: 15%
- Pescados: 17%
André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre e especialista em inflação, explica que diversos fatores contribuíram para esses aumentos:
- Aumento da demanda durante a pandemia
- Crise hídrica em 2021, afetando safras
- Guerra na Ucrânia, elevando preços de commodities
- Fenômenos climáticos El Niño e La Niña em 2024, impactando plantações
Braz destaca que a inflação dos alimentos afeta desproporcionalmente as famílias de baixa renda: “As famílias de baixa renda têm maior sensibilidade aos alimentos. Elas percebem uma inflação muito mais forte porque ganham pouco e comprometem a maior parte do salário com alimentos.”
O especialista ressalta que, enquanto os salários foram corrigidos em média 31% no período, o custo da alimentação subiu quase 50%. Isso resulta em uma significativa perda do poder de compra, especialmente para as famílias mais pobres.
“Para elas, quando alimento fica mais caro, significa que precisam desembolsar mais para levar a mesma quantidade de comida. Isso é ruim porque piora a qualidade de vida, aumenta a fome e a desigualdade”, afirma o economista.
Impactos por classe social:
- Famílias de baixa renda: maior impacto, com possível redução na quantidade e qualidade dos alimentos consumidos
- Classes média e alta: sentem a pressão, mas têm maior flexibilidade para remanejar seus orçamentos domésticos
Braz alerta: “Se o que eu ganho só dá para comer e está cada vez pior, este é pior cenário.” Esta situação levanta preocupações sobre o aumento da fome e da desigualdade no país.
Em 2023, houve uma trégua nos aumentos, segundo o economista. No entanto, os fenômenos climáticos de 2024 voltaram a pressionar os preços.
Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"