
Depois de mudarem de endereço sem comunicar a Justiça, o filho do ex-deputado estadual Pedro Satélite, Andrigo Gaspar Wiegert, e sua esposa, Glauciane Vargas Wiegert, tiveram a prisão decretada pelo juiz João Filho de Almeida Portela, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Eles foram alvos da Operação Rota Final, que teve três fases e terminou com 19 pessoas indiciadas por fraudes na licitação do sistema de transporte coletivo intermunicipal.
Por ter paradeiro “incerto”, o Ministério Público do Estado (MPE) pediu a prisão para que eles não atrapalhem o andamento do processo. Para o juiz o pedido procede, tendo em vista o “abalo sofrido pela ordem pública diante do crime, em tese, imputado aos acusados”.
“A postura dos denunciados, de ocultação de seu paradeiro, demonstra a intenção de dificultar a apuração da verdade e a regular instrução processual. Além disso, a defesa sequer trouxe aos autos o endereço atual dos acusados. Assim, considerando a materialidade do crime e provas suficientes da autoria por parte do acusado, bem como sendo por conveniência da instrução criminal e para garantir a futura aplicação da lei penal, decreta-se a prisão preventiva”, diz trecho da decisão.
Andrigo e Glauciane respondem pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O pai de Andrigo – Pedro Satélite, que faleceu em janeiro – é apontado pelo MPE como um dos principais articuladores do esquema que envolveu agentes públicos e empresas de transporte de passageiros.
A defesa do casal, patrocinada pelo advogado Artur Osti, já ingressou com um pedido de habeas corpus e afirmou que só irá se posicionar sobre o caso após o julgamento do pedido. No documento eles afirmam que “ao contrário do que consta na decisão combatida, não se encontram em local incerto e não sabido”.
“A prisão preventiva padece de justa causa porque há muito superado o entendimento de que a mera não localização do acusado permite a decretação de sua prisão. Daí porque o art. 366 do CPP permite a decretação da prisão do acusado citado por edital apenas quando presentes os requisitos do art. 312 do CPP”, consta no pedido.
Segundo as investigações da Operação Rota Final – que teve fases em 2018, 2020 e 2021 – os integrantes da organização criminosa tentaram barrar a implantação de um novo sistema de transporte intermunicipal de passageiros, na qual as empresas da quadrilha tinham a concessão há anos, sem que fossem cumpridos os contratos.
No esquema foram realizadas várias ações ilegais como a apresentação de um estudo falso que afirmava que a nova concessão não seria viável. Eles também pagaram propina para que fosse emitido um decreto estadual para prorrogar as concessões até 2031 e com a ajuda de servidores públicos conseguiram que fossem impostas dificuldades administrativas contra a concessionária que acabou vencendo a licitação.
O MPE pediu ainda à Justiça que os denunciados devolvam aos cofres públicos R$ 86,5 milhões, além da perda do cargo para os servidores e do mandato para os políticos participantes. Também são réus na ação o deputado estadual Dilmar Dal Bosco (União), Silval Barbosa, Éder Augusto Pinheiro, José Eduardo Pena, Alessandra Paiva Pinheiro, entre outros.
Fonte : J1 Agora

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"