
Durante o Encontro do PL Mulher em Sorriso, a ex-primeira-dama deixou o prefeito Alei Fernandes fora do protocolo, repetindo o gesto do ex-presidente em Sinop e expondo a falta de alinhamento no grupo bolsonarista em Mato Grosso.
por Daniel Trindade
O Encontro do PL Mulher, realizado em Sorriso neste sábado (1º), reacendeu polêmicas e lembranças de desfeitas políticas envolvendo o clã Bolsonaro e prefeitos de Mato Grosso. A ex-primeira-dama e presidente nacional do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, ignorou publicamente o prefeito da cidade, Alei Fernandes (União Brasil), durante o evento em uma situação que lembrou o episódio ocorrido em Sinop, em abril de 2024, quando o então presidente Jair Bolsonaro impediu o prefeito Roberto Dorner (PL) de subir no carro aberto e participar do palanque durante uma carreata.
Na ocasião, Dorner, que ainda era filiado ao Republicanos, tentou se aproximar do ex-presidente, mas foi barrado pela equipe de segurança e por organizadores do evento, ficando de fora das imagens oficiais e da comitiva. O gesto foi interpretado como uma demonstração pública de insatisfação de Bolsonaro com o prefeito e gerou ampla repercussão regional, sendo considerado um dos episódios mais constrangedores da visita presidencial a Mato Grosso.
Agora, em 2025, a cena se repete com Michelle Bolsonaro no papel central. Durante o evento do PL Mulher em Sorriso, o prefeito Alei Fernandes não foi convidado a compor o dispositivo de honra mesmo sendo o chefe do Executivo municipal e anfitrião da cerimônia. Segundo informações obtidas pela redação, a falha partiu do cerimonial do PL Nacional, responsável pelo protocolo, mas a exclusão foi interpretada como um gesto político de desprestígio.
O prefeito chegou a comparecer à abertura, mas, após não ser mencionado nem chamado ao palco, deixou o recinto visivelmente contrariado. A ausência de reconhecimento também se estendeu a vereadores do próprio PL de Sorriso, que não foram citados, enquanto lideranças de outras cidades e até de outros estados receberam destaque.
Em contraste, Michelle Bolsonaro mencionou nominalmente o prefeito de Sinop, Roberto Dorner (PL), enviando-lhe “um abraço especial” e elogiando o trabalho realizado por sua gestão. A fala, aparentemente protocolar, foi vista por muitos como um recado político uma lembrança direta do episódio de 2024 e um gesto que reforçou a falta de sintonia entre o núcleo bolsonarista nacional e lideranças regionais de Mato Grosso.
O evento do PL Mulher foi dividido em duas etapas: uma reunião reservada na noite de sexta-feira (31), voltada às lideranças femininas, e a programação principal no sábado (1º), aberta ao público. Participaram o senador Wellington Fagundes, o presidente estadual do PL Ananias Filho, o deputado federal José Medeiros, os deputados estaduais Gilberto Cattani e Elizeu Nascimento, a deputada Coronel Fernanda, a prefeita de Várzea Grande Flávia Moretti (PL), a vereadora de Cuiabá Samantha Iris e a ex-prefeita e senadora Rosana Martinelli, entre outras lideranças conservadoras.
Durante seu discurso, Michelle Bolsonaro adotou um tom firme em defesa da direita e das pautas conservadoras.
“É preciso cuidado com quem apenas surfa na onda do bolsonarismo. Temos que apoiar quem realmente defende o que acreditamos”, afirmou.
Ela também criticou a imprensa, dizendo que “os feitos do ex-presidente não são mostrados pela mídia”. Apesar da presença de diversos veículos de comunicação, Michelle não concedeu entrevistas, reforçando a percepção de distanciamento e seletividade no contato com a imprensa.
Nos bastidores, lideranças avaliaram que o incidente foi mais do que uma simples falha de protocolo. O episódio acabou sendo interpretado como um sinal de falta de alinhamento e desorganização dentro do próprio grupo bolsonarista, especialmente em Mato Grosso, onde o PL tenta consolidar candidaturas para 2026.
A leitura predominante é que os constrangimentos em Sinop e Sorriso, embora separados por um pouco mais de um ano, tiveram o mesmo efeito simbólico: expor publicamente prefeitos e lideranças que, mesmo se declarando de direita e defensoras das bandeiras de Jair Bolsonaro, acabaram sendo deixadas de lado. Tanto Roberto Dorner quanto Alei Fernandes sempre se apresentaram como apoiadores do bolsonarismo, o que torna os episódios ainda mais incômodos para a base do partido.
Lideranças políticas apontam que esses gestos de desconsideração podem refletir divergências internas e disputas de protagonismo dentro do movimento. Em vez de fortalecer a coesão, o bolsonarismo em Mato Grosso tem mostrado sinais de fragmentação e falta de coordenação entre as lideranças nacionais e regionais.
Apesar do clima de desconforto, o encontro também serviu para reforçar a pré-candidatura do senador Wellington Fagundes ao governo de Mato Grosso e a de José Medeiros ao Senado. O evento terminou sob aplausos, mas com conversas de bastidores dominadas pelos gestos políticos que, mais uma vez, falaram mais alto que os discursos.
Se continuar nesse caminho, a direita corre o risco de transformar seus próprios aliados em adversários. Gestos de exclusão e falta de diálogo podem minar a base que sustenta o bolsonarismo no Estado e abrir espaço para novas lideranças fora do eixo do PL. A direita mato-grossense, que construiu sua força sob o discurso de união e lealdade, precisa reencontrar o equilíbrio entre prestígio e respeito antes que as desfeitas internas se tornem o maior inimigo do próprio movimento.

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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Consultor Político
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"







