
Legislativo comanda as mais drásticas mudanças de rumo na política nacional e mantém o natural cursos de águas da vida republicana
Se há uma máxima repetida em qualquer ambientação feita em grupos de foco qualitativos e muito reforçada após a experiência do governo Bolsonaro é a de que o presidente não consegue fazer nada do que planeja porque precisa da aprovação dos “poderosos”. Com bastante dificuldade em entender o tramite da lógica de Montesquieu, o ideólogo dos Três Poderes, o brasileiro em sua maioria se frustra com um certo engessamento que a relação entre Executivo e Legislativo provoca, mas paradoxalmente invoca, sempre em que a situação lhe parece adversa, por um Congresso mais independente e que consiga conter as investidas de um presidente.
Com baixíssima confiança dos eleitores, sendo a décima nona pior instituição em vinte avaliadas, pelo instituto de pesquisa Ipec, há três meses, o Congresso Nacional sofre com uma imagem desgastada para a maioria da população. Em levantamento feito pelo RealTime Big Data para a RecordTV, 65% dos brasileiros acreditam que os congressistas estão mais preocupados com seus interesses próprios do que com os da população, em geral. Outro dado da mesma pesquisa aponta que 72% enxergam que os parlamentares não conhecem a realidade das pessoas.
Essa insatisfação pode ser demonstrada pelo alto índice de mudança eleitoral da Câmara dos Deputados a cada pleito. Para se fazer um comparativo, a média de renovação das últimas seis contendas brasileiras foi de 45%, quase o triplo da média norte-americana. A relação entre a população e os deputados também é muito efêmera, já que, segundo o instituto Datafolha, mais de 60% das pessoas não lembram em quem votaram na última eleição para deputado ou senador.
Ao passo em que se busca muitas mudanças nesse vínculo, a dinâmica do poder é completamente distinta e mostra uma perenidade, que reforça a ideia expressa pelas pessoas do alto poder que o Legislativo brasileiro possui. Após uma eleição absolutamente dividida, com uma vitória bastante estreita de Lula sobre Bolsonaro e com uma nova leva de congressistas eleitos, o que não alterou foi o comando das duas casas parlamentares. Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, que havia sido eleito com o apoio do ex-presidente Bolsonaro e sua base de sustentação, foi reconduzido ao cargo, contando com a aprovação de Lula e seus apoiadores. O mesmo ocorreu com Rodrigo Pacheco, no Senado.
Como ilustração dessa constância vale a pena rememorar a atuação do ex-senador Romero Jucá, de Roraima, que chegou a ser líder dos governos Lula, Dilma e Michel Temer e vice-líder do governo Fernando Henrique Cardoso, de quem foi também ministro de Estado. Os próprios partidos já contribuem para que as acomodações no Congresso permitam uma governabilidade, mas que é controlada pela força do Legislativo. O PP e o Republicanos, que apoiaram formalmente a candidatura de Jair Bolsonaro, acabaram de ter filiados parlamentares indicados ao corpo ministerial de Lula.
Fonte : ESTADÃO
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Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"