
“O Senado se redesenha com um pacto inusitado: esquerda, centro e direita dividem o poder, provando que a governabilidade exige mais estratégia do que ideologia.”
Por Daniel Trindade
A nova composição da Mesa Diretora do Senado Federal para o biênio 2025-2027 reflete uma estratégia de equilíbrio político que une forças da esquerda, centro e direita, consolidando um pacto de governabilidade. Com a eleição de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para a presidência da Casa, a articulação política costurada nos bastidores assegurou espaços estratégicos para diferentes partidos, compondo uma Mesa que representa as mais diversas correntes ideológicas do país.
O acordo firmado garantiu a 1ª Vice-Presidência para o PL, com a eleição do senador Eduardo Gomes (PL-TO), que representa o grupo bolsonarista e reforça a presença da direita no comando da Casa. Já a 2ª Vice-Presidência ficou com o PT, consolidando a presença do partido governista no alto escalão do Senado com a escolha do senador Humberto Costa (PT-PE), um dos principais articuladores do partido no Congresso Nacional. Esse equilíbrio de forças demonstra que, apesar das disputas acirradas entre governo e oposição, há um consenso de que o funcionamento da Casa exige diálogo e participação plural.
Além das vice-presidências, a Mesa Diretora ficou distribuída da seguinte forma: 1º Secretário, Rogério Carvalho (PT-SE); 2º Secretário, Weverton Rocha (PDT-MA); 3º Secretário, Chico Rodrigues (PSB-RR); e 4º Secretário, Styvenson Valentim (Podemos-RN). Já os suplentes também refletem essa pluralidade política, com nomes como Mara Gabrilli (PSD-SP), Ivete da Silveira (MDB-SC), Dr. Hiran (PP-RR) e Mecias de Jesus (Republicanos-RR).
A formação dessa Mesa Diretora evidencia a construção de um Senado mais pragmático, onde a necessidade de diálogo entre diferentes espectros políticos se sobrepõe ao radicalismo ideológico. O cenário político nacional, marcado por uma forte polarização nos últimos anos, começa a dar sinais de que o Legislativo busca manter sua independência sem comprometer a governabilidade.
O nome de Davi Alcolumbre foi peça-chave nessa construção. Experiente e hábil articulador, o senador conseguiu amarrar o apoio de 10 partidos, somando 76 parlamentares, o que garantiu sua eleição com folga já no primeiro turno. Sua trajetória política comprova a capacidade de transitar entre os diferentes grupos do Senado: já presidiu a Casa entre 2019 e 2021, foi responsável por pautas importantes, como a reforma da Previdência e a autonomia do Banco Central, e nos últimos anos liderou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais influente do Congresso.
A aliança costurada para a composição da Mesa reflete um Congresso que busca estabilizar a relação entre os Três Poderes, com representantes de todas as correntes políticas garantindo espaço nas decisões internas. Esse pacto de governabilidade pode facilitar a tramitação de projetos essenciais para o país e minimizar crises institucionais, promovendo um ambiente de trabalho mais funcional e menos inflamado por disputas ideológicas.
O desafio agora será garantir que essa união se traduza em avanços legislativos reais. Se a pluralidade de ideias será um caminho para soluções concretas ou apenas um arranjo temporário para evitar embates diretos, o tempo dirá. O fato é que a nova composição do Senado é uma demonstração clara de que o país precisa de convergência, e que os atores políticos, independentemente de suas bandeiras, compreenderam que só há avanço real quando há diálogo e construção conjunta.

Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"