Por Daniel Trindade
Nova estratégia de investimento visa fortalecer laços econômicos sem comprometer alianças geopolíticas
Em um esforço para evitar tensões geopolíticas e fomentar investimentos em áreas estratégicas da economia brasileira, os governos do Brasil e da China lançarão nesta quarta-feira, 20 de novembro, uma parceria de investimentos. Esta iniciativa surge como uma alternativa à Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative), mais conhecida como a nova Rota da Seda, que é o principal instrumento de inserção global da China. Este projeto já mobilizou US$ 2 trilhões em contratos para infraestrutura em mais de 150 países, mas o Brasil, junto com a Colômbia e Paraguai, ainda não faz parte do acordo.
O anúncio será feito durante a visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. O governo brasileiro enfrenta um dilema diplomático: aderir ou não ao megaprojeto de infraestrutura chinês, que já investiu US$ 1 trilhão conectando continentes. A Rota da Seda é vista como uma plataforma para a China ampliar sua influência, especialmente entre os países do Sul Global.
Até o ano passado, 151 países haviam aderido à Belt and Road, de acordo com o Green Finance & Development Center da Universidade de Fudan, em Xangai. As obras incluem ferrovias, portos, aeroportos e estradas. Recentemente, Xi inaugurou o megaporto de Chancay, no Peru, que pode beneficiar o agronegócio brasileiro se integrado às rotas de escoamento do país.
Devido à sensibilidade do tema, o governo Lula usa o termo “sinergia” para descrever sua colaboração com a China, sem aderir formalmente à Rota da Seda. O Brasil pretende definir prioridades de investimento sem comprometer sua autonomia diplomática. Celso Amorim, assessor especial da Presidência, afirma que o Brasil busca uma “sinergia” com a China nos projetos estratégicos, sem necessariamente aderir à Belt and Road.
Embora o Brasil não queira adotar formalmente a Rota da Seda, não há restrições para que projetos conjuntos sejam lançados. Um embaixador envolvido nas negociações afirmou que o Brasil participará conforme suas condições e interesses, sem assinar um contrato de adesão.
A diplomacia brasileira se preocupa com o equilíbrio entre China e EUA. A adesão à Rota da Seda poderia comprometer a autonomia do Brasil, que busca evitar uma dependência excessiva de qualquer potência. Além disso, o Brasil deseja obter apoio da China para um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, sem comprometer sua independência.
Nos últimos meses, o governo Lula estudou a questão, com a participação de ministros como Rui Costa, Mauro Vieira, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin. Enquanto o Itamaraty e ministros econômicos manifestavam resistência, políticos ligados ao PT incentivavam a participação no projeto chinês.
Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, com um recorde de US$ 157,5 bilhões na corrente de comércio em 2023. O Brasil busca diversificar sua relação com a China, além das commodities, explorando recursos para infraestrutura e tecnologia.
A pressão para uma decisão cresce, com interesses de ambos os lados. O governo Lula busca preservar o não-alinhamento do Brasil em meio a uma disputa geopolítica crescente entre China e EUA.
Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"