Aline Ferreira faleceu após aplicação de substância proibida pela Anvisa; biomédica responsável foi presa
Por Daniel Trindade | Portal de Notícias Deixa Que Eu Te Conto
A busca incessante pela perfeição estética levou a influencer e modelo Aline Ferreira, de 33 anos, a adotar uma medida extrema que custou sua vida. Aline morreu após um procedimento de preenchimento nos glúteos com polimetilmetacrilato (PMMA), uma substância contraindicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essa finalidade.
O procedimento foi realizado na clínica de estética Ame-se, em Goiânia, no dia 23 de junho. Dias depois, Aline começou a sentir-se mal, com febre e dor abdominal. Quatro dias após a intervenção, desmaiou e foi levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília, onde sofreu uma parada cardíaca. A situação se agravou, levando à sua transferência para um hospital particular no Distrito Federal. Em 30 de junho, Aline sofreu uma segunda parada cardíaca e, na última terça-feira, faleceu devido a uma infecção generalizada.
A biomédica responsável pelo procedimento, Grazielly da Silva Barbosa, foi presa pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) na quarta-feira (3/7) por crimes contra as relações de consumo. A clínica de Grazielly foi interditada pela Vigilância Sanitária por falta de alvará sanitário e ausência de responsável profissional habilitado. Além disso, o Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região (CRBM-3) confirmou que Grazielly não possuía registro profissional.
A morte de Aline levantou um alerta sobre os riscos de procedimentos estéticos realizados por profissionais não qualificados e com substâncias inadequadas. Segundo Fábio Alves Sobrinho, dermatologista do Hospital DF Star, é importante que tais procedimentos sejam realizados por médicos, preferencialmente dermatologistas ou cirurgiões plásticos, para evitar complicações graves.
O PMMA, embora autorizado pela Anvisa para casos específicos de deformidades corporais causadas por doenças graves, não é indicado para fins estéticos, especialmente em glúteos. A substância pode causar resposta inflamatória, necrose, deformações e até insuficiência renal. “O sistema recebe a substância como um corpo estranho, o que pode levar a sérias complicações”, explica Sobrinho.
Infelizmente, casos de complicações e até mortes relacionadas a procedimentos estéticos não são isolados. Em fevereiro deste ano, a dentista Hellen Kacia Matias da Silva foi acusada de deformar pacientes em Goiânia. Em maio, a empresária Fábia Portilho morreu após cirurgias plásticas na mesma cidade. E em junho de 2022, Elieni Prado Vieira faleceu após uma lipoaspiração em Brasília.
A morte de Aline Ferreira e outros casos semelhantes ressaltam a necessidade de maior rigor na fiscalização e na escolha de profissionais qualificados para procedimentos estéticos. A busca pela beleza não pode, e não deve, colocar a vida em risco.
Especialistas alertam sobre os perigos dos procedimentos estéticos inadequados
Gustavo Guimarães, cirurgião plástico da Clínica Renoir, enfatiza que o PMMA só deve ser utilizado para reconstrução de contorno facial em pacientes com HIV positivo e jamais para fins estéticos em glúteos. “Os principais riscos incluem infecção, rejeição e migração da substância, o que pode levar a perda de tecido e sequelas estéticas e funcionais”, alerta o médico.
A Anvisa também reforça que o PMMA só é permitido em situações específicas e que deve ser aplicado por um profissional médico treinado. “A aplicação para aumento de volume corporal ou facial não é recomendada”, afirma a agência em nota oficial.
A tragédia envolvendo Aline Ferreira serve como um alerta sobre os perigos de procedimentos estéticos inadequados e a importância de procurar profissionais devidamente qualificados. A beleza, afinal, não deve ser alcançada a qualquer custo.
Com informações do Correio Braziliense.
Daniel Trindade
Editor-Chefe do Portal de Notícias
Ativista Social|Jornalista MTB 3354 -MT
Estudante Bacharelado em Sociologia
Defensor da Causa Animal em Sinop -MT
Tutor do Stopa "O Cão Mascote"